Cansados das condições de trabalho impostas pela companhia Cotonang e do governo da colônia portuguesa, milhares de trabalhadores angolanos dos campos de algodão protagonizaram um levante popular na região chamada Baixa de Cassange, no dia 4 de janeiro de 1961.
A colônia portuguesa reprimiu violentamente a revolta, assassinando milhares de trabalhadores, no que ficou conhecido como o Massacre da Baixa de Cassange. O acontecimento é considerado um dos principais motivos que causaram a luta pela independência da Angola.
A Cotonang era uma companhia de algodão luso-belga, que obteve uma concessão para plantio de algodão nessa região, e forçou os camponeses a cultivarem as fibras.
Os agricultores não tinham salário e eram forçados a vender sua produção por um valor muito abaixo do preço no mercado mundial. A obrigação de plantar algodão impedia as famílias de cultivarem seus próprios alimentos.
O poeta angolano Arlindo Barbeitos, que lutou pela independência no Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), descreve esta situação:
“As pessoas eram obrigadas a plantar algodão e era absolutamente indiferente que houvesse colheita de milho, massambala (sorgo), batata-doce, mandioca, feijão, aquilo que as pessoas comiam. Não importava, a colheita do algodão tinha que ser garantida. E o algodão só podia ser vendido a uma determinada empresa que tinha o monopólio, as balanças eram falseadas e o preço era baixíssimo. Se não produzissem o algodão devido, eram espancados. Isso são coisas que eu vi”.
Na revolta, os agricultores destruíram plantações, pontes e casas. A colônia reagiu enviando aviões da Força Aérea Portuguesa, que lançaram bombas sobre as pessoas. O número de mortes varia de mil até dez mil agricultores.
Um mês depois, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), desencadeou um ataque contra a Cadeia de São Paulo e a Casa de Reclusão, em Luanda, iniciando a luta que acabou na proclamação da independência de Angola, no dia 11 de novembro de 1975.
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Hoje na História
Produção e locução: Mauro Ramos
Sonoplastia: Jorge Mayer
Edição: José Eduardo Bernardes
Edição: José Eduardo Bernardes