Militares

África é a 2ª região que mais recebe tropas de elite do exército dos EUA no mundo

Presença de soldados especiais no continente só perde para o Grande Oriente Médio

The Intercept |
Em 2016, 17,26% de todas as Forças Especiais estadunidenses mandadas ao exterior foram dirigidas à África
Em 2016, 17,26% de todas as Forças Especiais estadunidenses mandadas ao exterior foram dirigidas à África - Defense Imagery

A África observou o maior crescimento no envio de tropas de elite dos EUA do que qualquer outra região do mundo durante a década passada, de acordo com números divulgados recentemente pelo Comando de Operações Especiais.

Em 2006, apenas 1% dos soldados especiais enviados para fora dos Estados Unidos foram estacionados na área de operações do Comando dos EUA para a África. Já em 2016, 17,26% de todas as Forças Especiais estadunidenses mandadas ao exterior foram dirigidas à África, de acordo com informações fornecidas pelo Comando de Operações Especiais ao site The Intercept.

O número só perde para o Grande Oriente Médio, onde os EUA promove a guerra contra inimigos no Afeganistão, Iraque, Síria e Iêmen.

“Na África, não somos a solução cinética [violenta]”, afirmou o general de brigada Donald Bolduc, chefe do Comando de Operações Especiais no continente à African Defense, uma publicação comercial norte-americana. “Nós não estamos em guerra na África, mas nossos parceiros africanos certamente estão”, disse.

A declaração está em contradição com a missão de 2016 na Somália na qual, por exemplo, forças especiais dos EUA auxiliaram tropas locais na morte de diversos integrantes do grupo al-Shabab, bem como na Líbia, onde deram apoio a soldados locais lutando contra o Estado Islâmico. Essas missões também dizem respeito ao crescimento exponencial de operações especiais no continente.

Ainda em 2014, registram-se somente cerca de 700 militares de elite dos EUA enviados à África. Atualmente, de acordo com Bolduc, “existem aproximadamente 1.700 [integrantes de forças especiais] e capacitadores enviados. Esse time está em atividade em 20 países, apoiando sete grandes operações”.

Analisando dados fornecidos pelo Comando de Operações Especiais e informações públicas, o site The Intercept descobriu que integrantes de forças de elite foram enviados em, ao menos, 33 países africanos em 2016, mais de 60% do total de 54 Estados no continente.

“Nós estamos apoiando a profissionalização dos militares africanos e os esforços de capacitação”, disse Bolduc. “A rede de forças especiais ajuda na criação de treinamento sob medida para nações parceiras, capacitando militares e forças de segurança pública a conduzir operações contra ameaças mútuas."

A maioria dos governos africanos que receberam tropas especiais dos EUA em 2016 viu suas próprias forças de segurança serem citadas pelo Departamento de Estado estadunidense por violações de direitos humanos, incluindo Algéria, Botsuana, Burkina Faso, Burundi, Camarões, República Democrática do Congo, Djibouti, Quênia, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria e Tanzânia, entre outros.

Segundo os dados fornecidos ao The Intercept pelo Comando de Operações Especiais, tropas de elite dos EUA também foram enviadas ao Sudão, uma das três nações – junto ao Irã e à Síria – citada pelos Estados Unidos como “patrocinadoras do terrorismo”.

“As forças especiais se encontraram ocasionalmente com o Departamento de Estado e parceiros interinstitucionais no Sudão para discutir a situação de segurança na região”, escreveu por e-mail Chuck Prichard, porta-voz do Comando para a África.

Ken McGraw, porta-voz do Comando de Operações Especiais, complementou. “A presença não tem qualquer relação com o governo ou com os militares do Sudão”.

Edição: Camila Rodrigues da Silva

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