TRANSPORTE

Doria e Alckmin extinguem modais do Bilhete Único e criam tarifas em terminais

O governador paulista também autorizou reajuste de até 7,5% nas tarifas de todas as linhas da EMTU

Rede Brasil Atual |
Alckmin e Doria têm tomado várias medidas que oneram a população dependente do transporte coletivo
Alckmin e Doria têm tomado várias medidas que oneram a população dependente do transporte coletivo - Reprodução

O prefeito da capital paulista, João Doria, e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) ampliaram as formas de cobrança tarifária sobre a população que utiliza os sistemas de ônibus municipal, intermunicipal, trens e Metrô. A partir do próximo sábado (7), os terminais que tinham integração gratuita entre o transporte municipal e da Região Metropolitana terão cobrança entre R$ 1 e R$ 1,62. Além disso, a gestão Doria decidiu acabar com mais seis modelos de Bilhete Único temporal, que eram usados por trabalhadores (vale-transporte) e estudantes. Só o bilhete mensal do tipo comum vai continuar sendo vendido.

Os terminais que passarão a cobrar R$ 1 pela integração são: Piraporinha, Diadema e São Mateus. Os três movimentam cerca de 27 mil pessoas por dia. Eles fazem a ligação entre os ônibus da capital paulista e os que utilizam o Corredor ABD, que liga as regiões do Morumbi e Jabaquara, na zona sul, e São Mateus, na zona leste, a São Bernardo do Campo, Santo André e Diadema, no ABC. Em São Mateus, administrado pela gestão Doria, a cobrança passa a valer no dia 15.

Os terminais Capão Redondo e Campo Limpo, que têm integrações com a Linha 5-Lilás do Metrô, oferecendo ônibus para Itapecerica da Serra, Embu das Artes e Taboão da Serra, passarão a cobrar R$ 1,12, para quem chegar de ônibus e acessar o Metrô, e R$ 1,62 para quem fizer o caminho inverso. Nestes terminais, transitam cerca de 100 mil pessoas por dia.

Além disso, as 571 linhas metropolitanas da Grande São Paulo terão reajuste de até 7,18%, acima da inflação do último ano, que ficou em 6,4%. Os valores do reajuste variam de acordo com o itinerário e a distância da capital. As 13 linhas do Corredor ABD, onde será instituída a cobrança nos terminais, passarão de R$ 4 para R$ 4,30, um aumento de 7,5%, também acima da inflação. Os aumentos passam a valer no domingo (8).

Nos municípios de Barueri, Cajamar, Caieiras, Carapicuíba, Francisco Morato, Franco da Rocha, Itapevi, Jandira, Osasco, Santana de Parnaíba e Pirapora do Bom Jesus, o aumento será de 6,58%. Em Juquitiba, São Lourenço da Serra, Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra, Embu, Taboão da Serra, Vargem Grande Paulista e Cotia, o reajuste será de 6,65%.

Para as cidades de Mogi das Cruzes, Ferraz de Vasconcelos, Biritiba Mirim, Salesópolis, Itaquaquecetuba, Poá, Guararema e Suzano, o aumento será de 6,64%. Já em Guarulhos, Arujá, Mairiporã e Santa Isabel, a passagem aumentará 7,18%. As linhas que atendem os terminais do Capão Redondo e Campo Limpo não terão reajuste.

Bilhetes temporais

Outra novidade é a extinção dos bilhetes temporais Vale Transporte (VT) e Estudante. A gestão Doria vai comercializar somente os bilhetes comuns Mensal e  Diário. A vantagem dos bilhetes extintos era o uso contínuo por 30 dias, com o desembolso de 6% do salário pelo trabalhador e o restante pago pelo empregador, no caso do VT, e da meia tarifa proporcional ao bilhete mensal comum, no caso do estudante.

Segundo dados da São Paulo Transporte (SPTrans),que administra o sistema municipal de ônibus, são realizadas, em média, 4 milhões de viagens por mês com o Bilhete Único Mensal Vale Transporte e 700 mil com o Bilhete Único Mensal Estudante.

Doria e Alckmin anunciaram na segunda-feira (2) que a tarifa básica do transporte coletivo por ônibus, Metrô e trens permaneceria em R$ 3,80 neste ano. No dia seguinte anunciaram uma série de medidas que instituem novas cobranças sobre a população, como o aumento da tarifa de integração entre ônibus e o sistema de Metrô e trem.

Os reajustes de até 35,7% no Bilhete Único Mensal e nas integrações entre ônibus municipais e o sistema de trens e Metrô vão atingir cerca de 23 milhões de passageiros por mês na capital paulista. Segundo a SPTrans, em 2016 a média mensal de usuários que pagaram tarifas integradas (comum ou mensal) foi de 13,1 milhões. Os outros 10 milhões usam o bilhete mensal comum, vale-transporte ou estudante todo mês. Com a extinção de alguns destes modais temporais, o impacto sobre essa parcela da população será maior.

O sistema municipal de ônibus recebe, em média, 120 milhões de passageiros pagantes por mês. Outros 69,6 milhões são estudantes, deficientes físicos, idosos ou profissionais com direito à gratuidade. O sistema contabiliza ainda 60,7 milhões de integrações entre ônibus, que não proporcionam receita. Segundo a SPTrans, a receita tarifária atualmente está em R$ 5,3 bilhões anuais. O restante que falta para manter o sistema – cerca de R$ 2 bilhões – é investido pela prefeitura na forma de subsídios.

O Bilhete Único Mensal, criado pela gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) com objetivo de baratear o deslocamento de quem realizava mais de 38 viagens por mês, vai passar de R$ 140 para R$ 190. Um aumento de 35,7%, que deixa o modal inútil para quem fizer menos de 51 viagens por mês.

Já o modelo mensal para integração entre ônibus e o sistema de trens e Metrô vai subir de R$ 230 para R$ 300 – reajuste de 30,4%. A inflação acumulada desde o lançamento do bilhete, em janeiro de 2015, foi de 26,6%.

A integração entre os ônibus e sistema metroferroviário será reajustada dos atuais R$ 5,92 para R$ 6,80, a partir da próxima segunda-feira (9). Um aumento de 14,8%, bem acima dos 6,4% da inflação projetada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Os usuários do Bilhete Diário – que permite integrações ilimitadas durante 24 horas – vão pagar R$ 15, ante os atuais R$ 10 (50%). E o modelo integrado vai de R$ 16 para R$ 20 (33%). Além destes, também serão atingidos pelas medidas os usuários do bilhete Madrugador e Da Hora, exclusivos do Metrô e dos trens.

O Movimento Passe Livre (MPL) está organizando uma manifestação para o dia 12 (quinta-feira), contra o reajuste da tarifa de integrações e do bilhete mensal proposto por Alckmin e Doria. “Não é nenhuma surpresa que eles tenham prometido o congelamento das tarifas em 2017 e agora anunciem o aumento: o compromisso desses senhores não é com a população, e sim com aqueles que financiam suas campanhas e sustentam suas máfias e cartéis. Dissimulados e covardes, Alckmin e Doria aumentam a tarifa pelas bordas, tirando cada vez mais dinheiro da população que precisa se deslocar pela cidade”, diz a convocatória do ato, nas redes sociais.

Além da capital paulista, o Passe Livre está organizando manifestações contra o aumento das passagens em Carapicuíba, Guarulhos, Santo André, Barueri, Osasco e Mauá, todas na Região Metropolitana.

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