Mais de 500 pessoas foram presas no México em meio aos protestos em todo o país contra o aumento do preço da gasolina e do diesel, informaram autoridades mexicanas nesta quinta-feira (05), enquanto um policial morreu durante um ato em um posto de gasolina na quarta-feira (04).
Em comunicado, o governo do Estado do México afirmou que, “com o pretexto de protestar” pelo aumento da gasolina, algumas pessoas “cometeram roubos e atos de vandalismo”. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública da Cidade do México, foram registrados 25 roubos em centros comerciais na capital, além de 38 focos de manifestações com 792 pessoas e 16 bloqueios em postos de gasolina. Seis policiais ficaram feridos e um morreu atropelado ao tentar impedir um assalto em um posto em Tacubaya, na zona oeste da Cidade do México, nesta quarta.
"De acordo com informações fornecidas pela Procuradoria Geral de Justiça do Estado do México, foram registrados 430 detidos em flagrante por sua suposta participação em atos de vandalismo", disse o governo do Estado do México em comunicado nesta quinta-feira (05). Entre os detidos estão 306 adultos, 255 homens e 51 mulheres, assim como 124 menores de idade.
“Tratam-se de atos à margem da lei, que nada têm a ver com uma manifestação pacífica, nem com o direito à livre expressão que todos os mexicanos têm”, declarou René Juárez Cisneros, subsecretário de Governo da Secretaria de Estado do México.
“Tivemos agressões em 400 postos”, disse Antonio Caballero, porta-voz da G-500, empresa que possui 1.800 postos de gasolina, somando cerca de 15% do total de 11.000 postos no país. A empresa Veracruz também afirmou que 50 dos seus postos foram “vandalizados” e estavam fora de serviço. Além dos postos, supermercados, lojas e centros comerciais foram saqueados, e avenidas e estradas foram bloqueadas em todo o país desde domingo (01), quando a medida que aumenta o preço da gasolina e do diesel de 15% a 20% entrou em vigor.
Penã Nieto: aumento do preço da gasolina é necessário para "preservar estabilidade econômica
Em primeiro pronunciamento sobre o “gasolinazo” desde a entrada em vigor da medida, o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, afirmou na quarta-feira (04/01) que a “difícil e inevitável decisão” é condizente com o aumento do preço do petróleo internacionalmente.
“Como presidente, compreendo a irritação e a raiva que há entre a população em geral e entre distintos setores da nossa sociedade”, disse Peña Nieto. Segundo o presidente, a medida é necessária para “preservar a estabilidade econômica” e que a não adoção da medida levaria a efeitos muito piores no futuro.
Movimentos sociais condenam criminalização de manifestantes
Organizações sociais e de direitos humanos denunciaram nesta quarta-feira (04/01) em um comunicado conjunto a ação policial durante os protestos e bloqueios.
“Resulta preocupante que, desde os primeiros dias de estes múltiplos protestos, já tenham sido apresentadas em várias entidades algumas atuações contrárias à plena garantia da liberdade de expressão por parte de agentes policiais e diversas corporações do país”, afirma o comunicado, que critica as detenções e o uso de gás lacrimogêneo contra manifestantes.
A FLEPS (Frente de Liberdade de Expressão e Protesto Social), formada por diversas entidades sociais como o Instituto Mexicano de Direitos Humanos e Democracia e Serapaz, exigiu às corporações policiais que “se abstenham de realizar qualquer conduta que derive em algum uso arbitrário e excessivo da força pública”, ao mesmo tempo em que pediu aos organismos estatais de direitos humanos, como a CNDH (Comissão Nacional de Direitos Humanos) que “cumpram com seu mandato de proteção” através do monitoramento dos protestos, “evitando qualquer ato ou omissão que seja em detrimento da segurança, liberdade e integridade das pessoas”.
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