O jornalista e escritor argentino Rodolfo Walsh, que completaria 90 anos nesta segunda (9), foi um dos maiores intelectuais argentinos do século 20. Ele dizia: "O campo intelectual é, por definição, a consciência. Um intelectual que não entende o que acontece no seu tempo e no seu país é uma contradição ambulante".
Com uma vida dedicada à luta, Walsh fez jornalismo até seus últimos dias de vida em uma época dura, cruel e sangrenta em seu país. Seu corpo foi mutilado, mas suas ideias não, e elas seguem junto a repórteres que lhe tem como exemplo.
Algumas de suas histórias são obras-primas do gênero policial, e as suas pesquisas estão entre as principais referências do jornalismo argentino. Ele promoveu a criação das agências de notícias Prensa Latina de Cuba e da Argentina, e dirigiu jornais de correntes militantes do movimento operário.
Walsh nasceu em 09 de janeiro de 1927, na província de Rio Negro, sul da Argentina, e chegou à capital federal em 1941. Muitos se lembram dele como um homem quieto. De acordo com a intelectual cubana Ángel Augier, mais do que um jornalista, Walsh foi um grande escritor. "Ele trabalhou duro, era de uma gentileza deslumbrante. Ele não era uma pessoa extrovertida, mas um homem de poucas palavras ", disse.
Após o golpe militar de março de 1976, Walsh passou a viver na clandestinidade. Mesmo assim em 25 de março de 1977, na esquina de San Juan e Entre Rios, caiu em uma emboscada de um grupo de soldados. Sobreviventes relataram ter visto seu corpo sem vida na antiga Escola de Mecânica da Marinha (ESMA), mas até hoje não há informações precisas sobre o paradeiro de seus restos mortais.
Sua carta aberta para a Junta Militar é o documento mais importante contra a ditadura, onde ele critica os objetivos políticos, econômicos e sociais do Processo de Reorganização Nacional, que era como o regime de exceção se autodenominava.
Neste ano de 2017 também se comemora o 60º aniversário de seu principal livro, "Operação Massacre", que narra a repressão à resistência peronista, após do golpe de estado de 1955, e 40º de sua desaparição física.
Nesta segunda (9), centenas de argentinos publicaram mensagens homenageando Walsh no Twitter, entre elas a da organização de direitos humanos H.I.J.O.S. "Hoje, Rodolfo Walsh faria 90 anos. Há quase 40 anos, os genocídas da ESMA o assassinaram e desapareceram com seu corpo. Presente!".
Confira a carta aberta de Walsh aos ditadores militares argentinos:
* Com informação de Prensa Latina
Edição: Camila Rodrigues da Silva
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