Violência

Casos de violência contra jornalistas crescem 17,5% em 2016, segundo Fenaj

As agressões físicas foram a violência mais comum. Houve 58 jornalistas agredidos fisicamente em 2016, contra 49 em 2015

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Profissionais da imprensa durante protesto contra a violência policial nas manifestações
Profissionais da imprensa durante protesto contra a violência policial nas manifestações - Maitê Berna/Ponte Jornalismo

Em 2016, foram registrados 161 casos de violência contra jornalistas no Brasil, um crescimento de 17,52% em relação ao número de agressões denunciadas no ano passado. Esse é um dos dados presente no Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Expressão 2016, produzido pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) em parceria com os sindicatos, que será apresentado nesta quinta-feira (12), às 15h, no auditório do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro (Rua Evaristo da Veiga, 16/17º andar – Centro). 

“Uma das causas desse aumento é, em primeiro lugar, o maior número de jornalistas que estão denunciando. A visibilidade que a Fenaj tem dado para o tema, além das mídias alternativas, encoraja os profissionais a denunciarem”, aponta a presidenta da Fenaj, Maria José Braga.

Segundo ela, outro motivo para o crescimento dos registros de violência contra esses profissionais é a grande mobilização político-social do país. “Grande parte dessas agressões, assim como em 2015, ocorreu em manifestações públicas. Esse é um fenômeno que surgiu em 2013 e que tem se mantido nesses anos todos. Ao cobrirem manifestações públicas, os jornalistas têm sido agredidos, principalmente por policiais, mas também por manifestantes”, diz Braga.

As agressões físicas foram a violência mais comum em 2016, repetindo a tendência dos anos anteriores. Houve 58 casos, mais do que o registrado em 2015, quando 49 profissionais da área foram agredidos fisicamente.

De acordo com a presidenta, a maioria desses casos fica impune. “Nas manifestações de rua, a impunidade acaba sendo total, porque os policiais e os manifestantes quase nunca são identificados. Os agressores, portanto, nunca serão punidos”, afirma.

O material a ser divulgado de modo oficial apresenta, ainda, dois casos em que jornalistas brasileiros foram assassinados ao longo dos últimos 12 meses em decorrência do exercício da profissão, além da história de cinco comunicadores mortos no ano passado: dois blogueiros, dois radialistas e um comunicador popular, que são citados, mas não somados aos números totais de casos de violência contra jornalistas.

O relatório traz, ainda, 26 casos de agressões verbais, 24 de ameaças/intimidações, cinco de atentados, três de censura, 18 cerceamentos à liberdade de imprensa por meio de ações judiciais, 13 impedimentos ao exercício profissional, dez casos de prisões, detenções ou cárcere privado e duas situações de violência contra a organização sindical da categoria.

Os 161 casos de violência contra a categoria vitimaram 222 jornalistas, visto que, em várias ocorrências, mais de um profissional foi agredido. Consta no relatório também, como registro, a queda do avião da LaMia na Colômbia, que transportava a delegação da Chapecoense e mais 21 profissionais de imprensa --somente o narrador Rafael Henzel foi resgatado com vida. Foi o acidente com o maior número de jornalistas mortos da história.

O relatório, que é produzido desde 1998, é um importante instrumento de denúncia pública dos crimes cometidos contra os jornalistas no exercício de sua profissão. “O objetivo da Federação é chamar a atenção para esse problema, dizer que o jornalista e o jornalismo cumprem um importante papel social e, portanto, tem que ter condições de exercer seu trabalho. Essas condições passam pelas questões trabalhistas e pela garantia de segurança para os profissionais”, diz a presidenta.

Edição: Camila Rodrigues da Silva

Edição: ---