A Universidade Federal da Bahia (UFBA) aprovou, em decisão unânime, a adoção de cotas no processo de seleção para os cursos de pós-graduação stricto sensu (doutorado e mestrado acadêmicos e profissionais). Agora, 30% das vagas serão destinadas a candidatos negros e indígenas.
Além disso, a universidade é a primeira no país a destinar vagas extras para estudantes autodeclarados quilombolas e trans (transexuais, transgêneros e travestis); serão quatro para cada curso. A medida, aprovada pelo Conselho Acadêmico de Ensino (CAE) nesta quarta-feira (11), passa a valer nas seleções do segundo semestre de 2017.
A ação afirmativa, segundo o reitor João Carlos Salles, tem o objetivo de aumentar a participação de grupos sub-representados na comunidade acadêmica.
“A resolução, associada às outras iniciativas de nossa Política de Ações Afirmativas, busca avançar na correção de desigualdades históricas, tornando a UFBA plena em sua vocação inclusiva”, disse.
A universidade já conta com o sistema de cotas para os cursos de graduação desde 2014. São reservadas 50% das vagas para oriundos de famílias com renda igual ou inferior a 1,5 salário-mínimo e para quem se autodeclara preto, pardo ou indígena.
Em nota, o Coletivo Luiza Barros, da UFBA, comemora a conquista e a atribui à pressão do movimento negro. "Esse resultado é fruto de muita luta impulsionada por intelectuais, professorxs, técnicxs, alunxs (sic) e demais integrantes do Coletivo Luiza Bairros que, desde maio de 2016, vêm ampliando o olhar para a questão da reserva de vagas e da permanência no tocante aos cursos de pós-graduação. A despeito de toda resistência institucional, engendrada por uma universidade eurocêntrica, colocamos a pauta na mesa, levamos adiante e vencemos essa batalha", afirma.
Para a diretora da Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG) e doutoranda na Universidade de Campinas (Unicamp), Silvia Castro, a medida, além de incluir grupos que historicamente não tiveram acesso à universidade, contribui para maior diversidade do conhecimento.
"Quando temos experiências de vidas particulares a certas condições sociais, temos um olhar específico no objeto de estudo. Dessa forma, a diversidade de pontos de vista aumenta. Esse é um ganho para toda uma população, que deixa de ser apenas objeto e passa a ser sujeito", avalia Castro.
Edição: Camila Rodrigues da Silva
Edição: ---