Aos brados de “Pisa ligeiro, pisa ligeiro, quem não pode com a formiga não atiça o formigueiro”, mais de 150 militantes da Frente Povo Sem Medo percorreram ruas da região central da cidade de São Paulo na tarde desta quinta (12) para pressionar a suspensão da reintegração de posse de um terreno que fica próximo ao Cemitério Jardim da Paz, na Rua Davi Blinder, em Embu das Artes (SP).
O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que coordena a ocupação do espaço, pediu a suspeição da juíza Barbara Carola Hinderberger Cardoso de Almeida, responsável pelo caso. O argumento do advogado do movimento, porque a magistrada apresentou
Como a Justiça aceitou o pedido, ficaram suspensas a reintegração de posse e a ordem de despejo.
A marcha, que saiu por volta das 15h do metrô Santa Cecília, no centro da cidade, tinha como destino a suposta residência do dono do terreno, Jacques Blinder, no Edifício D. Virgínia, situado na Avenida Angélica. Segundo o zelador, Antônio Feitosa Neto, Blinder não mora lá há mais de seis anos. A polícia do 13º Batalhão foi chamada e acompanhou o final do ato, que foi pacífico. A notícia sobre as suspensões chegou por volta das 17h.
O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, expressou felicidade ao falar sobre a conquista judicial. "O proprietário que a gente veio buscar aqui, que entrou com despejo, se escondeu, não quis dialogar. Mas, do outro lado, tivemos uma vitória judicial importante. O pedido de suspeição da juíza do caso foi aceito! Por isso, estamos indo embora", declarou.
Histórico
O terreno foi ocupado no dia 4 de novembro do ano passado por 2 mil famílias; logo em seguida, Blinder solicitou a reintegração de posse. Segundo Débora, da Frente Povo Sem Medo de Embu das Artes, a ordem de despejo estava marcada para o próximo dia 20. "Pra gente, é uma grande vitória. O proprietário não estava, mas o que veio foi ainda melhor. Vamos tentar abrir diálogo com ele, pra ver se a gente consegue a moradia das famílias lá mesmo”.
Débora afirma ainda que, no ano passado, o movimento conversou com o prefeito de Embu das Artes, Chico Brito, que ofereceu o terreno da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) caso as famílias fossem despejadas.
Moisés, também da Frente Povo Sem Medo de Embu, disse que o terreno está abandonado há décadas. "O proprietário está pedindo a reintegração de posse do terreno, mas ele deve mais de R$ 500 mil em IPTU [Imposto Predial e Territorial Urbano]. Ele não se propôs a negociar a venda do terreno", lamentou.
Edição: José Eduardo Bernardes
Atualização às 15h20
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