O discurso de despedida de Obama em Chicago foi um misto de auto elogios e de advertências ameaçadoras dirigidas ao seu sucessor.
No primeiro mandato enganou a maioria dos eleitores com a sua oratória moralista e reformadora. No segundo desiludiu-os. Entrou na Casa Branca comprometendo-se a enfrentar a engrenagem de Wall Street. Esqueceu logo a promessa. Favoreceu a banca e o grande capital.
Foi um presidente amora. Distinguido com o Nobel da Paz, desencadeou mais guerras do que o seu reacionário antecessor George w. Bush.
Nas últimas semanas promoveu uma campanha contra a Rússia, acusando-a de, através de hackers, ter interferido na campanha eleitoral americana em benefício de Trump. Essas acusações, carentes de provas, culminaram com a expulsão de 35 diplomatas da embaixada russa em Washington.
Putin, sereno, não revidou à provocação.
O discurso de adeus de Barack Obama foi uma peça retórica de quase uma hora, semeada de apelos à unidade e à esperança. Insistiu muito nas ameaças à democracia, mas absteve-se de pronunciar o nome de Trump. Falou como “condicionador e instrutor” de Trump, como se o Partido Democrático não fosse tão responsável como o Republicano pelo apodrecimento do sistema político norteameicano.
Significativamente, os grandes meios de comunicação, comentando a arenga presidencial, solidarizavam-se com a campanha anti russa do ainda presidente, ampliando as acusações a Putin.
Mas os aplausos a Obama, quando ele findou o discurso afirmando, em paráfrase ao seu famoso slogan, yes we can, yes we did (sim, nós podemos, sim nós fizemos) não têm o poder de apagar a História.
Foram os EUA e não a Rússia, no âmbito de uma estratégia de dominação mundial, que intervieram repetida e ilegalmente nas últimas décadas noutros países, nomeadamente em processos eleitorais.
As chamadas “revoluções de veludo” em países do leste europeu foram promovidas e financiadas pelos EUA.
No tocante a intervenções criminosas, é inocultável que os EUA prepararam e financiaram o golpe fascista de 1973 no Chile, intervieram militarmente no Panamá e estiveram envolvidos nos golpes palacianos de Honduras e do Paraguai. Organizaram com o Reino Unido e a França a invasão e destruição da Líbia, armaram e apoiam bandos terroristas em todo o Oriente Médio. Sua secretária de Estado, Hillary Clinton, festejou o assassinato de Kadafi.
A mais recente interferência norte-americana em assuntos internos de outros países ocorreu na Ucrânia, onde financiaram e apoiam as organizações fascistas que tomaram o poder naquele país.
Uma documentação impressionante, irrefutável, prova que o governo de Obama financiou e continua a apoiar o autointitulado Estado Islâmico, simulando combatê-lo.
Os governos e os meios de comunicações europeus já começaram a entoar o cântico de elogios a Barack Obama. Mas a apologia farisaica do homem e do estadista serão desmentidas pela História. Ele foi responsável como presidente dos EUA por uma política de ameaça à Humanidade.
*Nota dos editores do ODiario.info
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