Em 17 de janeiro de 1961, o ex-primeiro ministro congolês Patrice Emery Lumumba foi morto no sul do país. Como líder do Movimento Nacional Congolês (MNC), ele havia conduzido o então Congo Belga (mais tarde Zaire e, atualmente, República Democrática do Congo) no processo de independência, efetivado em 30 junho do ano anterior.
Lumumba foi eleito primeiro-ministro em 1960, mas ocupou o cargo apenas por 12 semanas, pois seu governo foi derrubado por um golpe de Estado liderado pelo coronel Joseph Mobutu, em meio a uma crise política no país.
Partidário de um Congo independente e unitário, ele foi considerado próximo demais da União Soviética, à qual pedira ajuda. A decisão de eliminá-lo foi atribuída à CIA e ao governo belga. Sua execução fez com que Lumumba se tornasse um símbolo da luta anticolonialista africana.
No dia da independência, Lumumba fez um discurso denunciando o colonialismo belga:
"Nós tivemos que enfrentar ironias, insultos. Tivemos que suportar espancamentos de manhã, de tarde e de noite, porque somos negros. Quem esquecerá que a um negro se dizia 'tu', não como se diz a um amigo, mas porque o respeitável 'você' era reservado somente aos brancos? Nós conhecemos o roubo de nossas terras, espoliadas em nome de textos pretensamente legais que não faziam mais do que reconhecer o direito do mais forte."
Lumumba defendia firmemente a unidade dos povos africanos contra o colonialismo, acima das diferenças étnicas e tribais. Além disso, em 1958, fundou o MNC, depois de ter sido eleito presidente do Sindicato Independente dos Trabalhadores Congoleses.
Sua aproximação com a União Soviética enfureceu Washington. Os Estados Unidos determinaram aos agentes da CIA que planejassem um golpe para derrubá-lo, prendê-lo e assassiná-lo. A participação da agência de inteligência estadunidense no assassinato de Lumumba foi comprovada durante as audiências da Comissão Church. O ex agente da CIA, John Stockwell confirmou o envolvimento do órgão e o aliciamento do coronel Joseph Mobutu, que liderou o golpe de Estado:
"A CIA tinha desenvolvido um plano para assassinar Lumumba. Mas a operação não funcionou. O objetivo era envenenar Lumumba. Em vez disso, o chefe da CIA conversou com Mobutu sobre a ameaça que Lumumba representava, e Mobutu fez com que seus homens matassem Lumumba."
Morto sob tortura, Lumumba deixara com sua mulher, Pauline Opangu, uma carta-testamento na qual afirma:“Minha fé se manterá inquebrantável. Eu sei e eu sinto no fundo de mim mesmo que, cedo ou tarde, meu país se libertará de todos os seus inimigos internos e externos, que ele se levantará, como um só homem para dizer não ao vergonhoso e degradante colonialismo e reassumir sua dignidade sob um sol puro”.
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Hoje na História é uma produção Radioagência Brasil de Fato e Opera Mundi
Locução:
Produção: Mauro Ramos
Sonoplastia: Adilson Oliveira
Edição: ---