A capital gaúcha, Porto Alegre, é sede do "Fórum Social das Resistências — Democracia e Direitos dos Povos e do Planeta" que ocorre a partir desta terça-feira (17). Ao longo desta semana, entre os dias 17 e 21 de janeiro, várias organizações e movimentos populares farão parte de uma agenda de debates e atividades que incluem não só a conjuntura brasileira, mas também a latino-americana e a mundial.
O Fórum temático faz parte do calendário regional e preparatório para o Fórum Social Mundial que ainda não tem data ou local definidos para este ano. Segundo Mauri Cruz, membro do Comitê de Apoio Local ao Fórum Social Porto Alegre, a escolha da temática — Resistências — foi algo natural e que se impôs em função do panorama político mundial.
A ideia, que começou a germinar durante o Fórum Social Mundial que celebrou os 15 anos da iniciativa, em janeiro de 2016, era fazer um balanço da experiência da esquerda no Brasil e na América Latina, discutir sobre os avanços e retrocessos. Porém, com o crescimento das resistências populares em resposta ao avanço do conservadorismo no panorama mundial, o tema do Fórum ganhou novos moldes e enfoques.
Paralelamente ao Fórum Resistências, ocorre esta semana o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça. Com a primeira edição realizada em 2001, o Fórum Social Mundial teve como um dos objetivos estabelecer um contraponto ao Fórum Econômico, palco de políticas neoliberais em todo o mundo desde 1971.
Objetivos
Mauri explica que a agenda semanal de eventos carrega alguns objetivos. O primeiro é colocar em evidência os povos, a resistência. Ele conta que, ao longo das atividades preparatórias para o Fórum, que ocorreram nos dias 9 e 10 de dezembro, representantes dos povos aborígenes e da população negra colocaram em discussão o fato de que eles estão em resistência há séculos, desde a invasão portuguesa e da chegada do primeiro navio negreiro que trouxe povos escravizados.
"O primeiro interesse do Fórum é que cada segmento reconheça no outro segmento a sua agenda de resistência e se enxergue, enxergue a resistência como estratégia de luta. Para alguns movimentos, parece que a resistência é uma agenda nova porque a conjuntura mudou, mas existem outros movimentos — como o das mulheres, da juventude periférica, os movimentos das lutas urbanas — que, mesmo com governos democráticos, a resistência não parou, ela continuou acontecendo", diz.
Outro objetivo, ainda de acordo com Mauri, é o de que os diferentes movimentos identifiquem inimigos em comum e tentem construir agendas e estratégias conjuntas de enfrentamento aos retrocessos.
O Fórum quer também reforçar a ideia de que a resistência não se trata apenas de ser contra o retrocesso, mas também de afirmar a existência de novos modos de vida, outras formas de os seres humanos se relacionarem entre si. "Quando a gente fala em resistência territorial, por exemplo, os quilombolas, os indígenas, as ocupações urbanas, ao ocupar aquele território e resistir, também tentam construir um outro tipo de relação com aquele ambiente e com as pessoas. A resistência também é afirmação de novos paradigmas para um outro mundo possível.", explica Mauri.
A programação completa do Fórum Resistências pode ser encontrada no link: http://forumsocialportoalegre.org.br/.
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