Crise no Rio

Quase um ano depois, colégio em Manguinhos ainda é alvo de roubos e depredação

No último ataque, que aconteceu entre os dias 15 e 16, fogão industrial, bebedouros e piano foram destruídos

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Colégio estadual foi inaugurado, em 2009, após reivindicação de moradores de Manguinhos, Jacarezinho e Mandela
Colégio estadual foi inaugurado, em 2009, após reivindicação de moradores de Manguinhos, Jacarezinho e Mandela - Divulgação

Quase um ano depois dos primeiros ataques, o Colégio Estadual Compositor Luiz Carlos da Vila, em Manguinhos, no Rio de Janeiro, ainda é alvo de roubos e depredação do prédio e suas instalações. Após inúmeras denúncias de alunos e professores no final do ano passado, contando sobre sucessivos ataques que deixaram o colégio sem energia, água, alimentação e segurança, o colégio passou por um novo episódio de violência no último final de semana, entre os dias 15 e 16. Nele, a cozinha foi revirada, o fogão industrial destruído, bebedouros foram arremessados e o piano, que ficava numa sala de encontro dos alunos, foi totalmente destruído.

“Desde o ano passado, quando nos mobilizamos e enviamos uma carta ao governador, Luiz Fernando Pezão, pedindo atenção para a nossa situação, não obtivemos respostas. Voltamos a reclamar uma posição da secretaria de educação, estamos lutando pela permanência de um colégio que é tão importante para as comunidades vizinhas”, argumenta a professora de sociologia Lucília Aguiar.

Procurada pelo Brasil de Fato, a assessoria de imprensa do governo do estado informou que o colégio está em período de matrículas e que a unidade não vai fechar. "O processo de licitação para construção de um novo muro está sendo elaborado e algumas intervenções na infraestrutura da escola já foram efetuadas para o início deste ano letivo, que começará em fevereiro", disse em nota. 

O Colégio Estadual Compositor Luiz Carlos da Vila foi inaugurado, em 2009, no local em que funcionava um quartel do exército, após reivindicação de moradores de Manguinhos, Jacarezinho e Mandela. Construído como unidade modelo, a escola tinha salas de informática equipadas, laboratório de química e física, biblioteca, auditório, ginásio poliesportivo e piscina olímpica.

Com o corte de investimentos e manutenção do governo estadual, a falta de segurança, que gerou roubos e ataques ao colégio, além do apoio a greve dos professores da rede estadual, os estudantes ocuparam a escola por dois meses, entre abril e junho de 2016. Mesmo após o protesto ter se estendido por mais de 80 escolas no Rio de Janeiro e região metropolitana, a situação do colégio não apresentou melhoras.

As escolas estaduais estão em férias, mas antes do recesso o colégio permaneceu em atividade de forma muito precária. As aulas aconteceram em horários reduzidos porque os aparelhos de ar condicionados não funcionam, os poucos ventiladores que sobraram, depois dos roubos, estão quebrados, faltou água por duas semanas, após encanamento ter sido quebrado, teto e paredes estão rachados, há também cabines no banheiro sem vaso sanitário. Até panelas as janelas foram quebradas e levadas durante os assaltos.

“É louvável que os alunos do ano passado tenham concluído o ano letivo diante dessas condições”, ressalta a professora. Segundo Lucília, está havendo uma evasão dos alunos. Em 2017, as matrículas estão baixíssimas, o que ela atribui à precariedade da infraestrutura, mas também à insegurança no local. Para ela, o espaço, abandonado pelo estado, está em disputa.

“A escola tem sofrido atos de pura sabotagem, que buscam prejudicar o pleno funcionamento de suas atividades, como, por exemplo, o fato de, em um final de semana, terem inclusive arrancado o quadro de luz. Em uma das situações de roubo foram levados documentos, mas deixados dois computadores, o que nos faz crer que os autores dessas ações não visam apenas roubos e depredações do patrimônio da escola, mas intencionam também prejudicar de forma deliberada as atividades da escola”, conclui Lucília.

Edição: José Eduardo Bernardes

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