A Central Única de Trabalhadores de Minas Gerais (CUT-MG) sediou um encontro só de mulheres nesta segunda (23) para estudo e debates sobre a Reforma da Previdência. Para a atividade, foram convidadas Marilane Teixeira, que é economista e pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Sarah Luíza Souza, assessora da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais (Contag) e Lucimar Martins, do Sindicato Rural de Simonésia. Participaram da conversa lideranças femininas de movimentos, sindicatos e organizações de todo o estado de Minas Gerais.
A reunião discutiu os possíveis impactos da Reforma da Previdência proposta pelo presidente Michel Temer na vida das mulheres. Marilane se aprofundou nas mudanças da legislação trabalhista e suas consequências, enquanto Sarah e Lucimar explicaram a relação entre o aumento da violência contra a mulher e a atual conjuntura do país, além de chamarem a atenção para os danos às trabalhadoras rurais. O encontro também tinha o objetivo de unir forças para a construção do 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres.
Impactos ainda mais duros sobre as mulheres
Marilane reforçou que a proposta – ainda em discussão na Câmara dos Deputados – é ainda mais dura para as mulheres. “Usam justificativas falsas para equiparar o tempo de contribuição de homens e mulheres, como a maior presença de mulheres no mercado de trabalho e uma suposta diminuição do tempo de trabalho doméstico”, exemplifica. Ela lembra ainda que outras medidas terão forte impacto, como mudanças em benefícios para doentes e idosos, sobrecarregando novamente o trabalho de cuidados, feito majoritariamente por mulheres.
"Com essa ação, pretendemos qualificar as nossas informações em torno da Reforma da Previdência para pensarmos nossas estratégias de combate e luta. Queremos que esses processos sejam articulados em conjunto com as outras cidades mineiras e todo o Brasil", explica Bernadete Monteiro, da Marcha Mundial das Mulheres.
A proposta é que cada representante leve o aprendizado sobre a legislação para a sua comunidade e companheiras. É o caso de Ivanete Freitas, de 64 anos, diretora de formação de jovens e mulheres do Sindicato de Indaiabira e presidente do Coletivo de Mulheres Organizadas do Norte de Minas. Ela conta que fará o papel de repassar os conhecimentos para 35 municípios, além das bases sindicais. "A mensagem é que não podemos desanimar, é justamente o contrário. Devemos nos unir pra evitar que levem nossas conquistas, mesmo sendo ainda insuficientes", afirma.
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