Na manhã desta quarta (25), dezenas de organizações e movimentos sociais promoveram o ato “Cartão de Visita ao Governo Dória”, na Praça da Sé, centro da capital paulista. O protesto, que repudiava as ações dos primeiros 25 dias de mandato de João Doria Jr, acontecia enquanto ele participava da missa pela celebração do 463° aniversário da cidade, na Catedral da Sé.
Convocado pela Central de Movimentos Populares (CMP), o ato foi crítico às primeiras ações de Dória que, segundo as organizações, “marginalizam e criminalizam a população mais pobre da cidade, com perseguição aos ambulantes, aos moradores de rua e aos dependentes químicos". Eles também criticaram cortes em programas sociais, como o "Leve Leite", e no fornecimento de transporte e de material escolar.
“Vamos fazer uma grande vaia para o João Doria [Jr.], porque ele vai falar dentro nessa missa pelos pobres, e ele não representa os pobres. São 25 dias que já parecem uma eternidade pelo tamanho dos absurdos anunciados pelo prefeito João Doria”, disse o coordenador da CMP.
Já durante os primeiros dez dias de gestão, o prefeito expulsou da Avenida Paulista mais de cem trabalhadores ambulantes. Valdina Andrade, do Movimento de Trabalhadores Ambulantes, criticou a medida. “Somos mais de 160 mil trabalhadores ambulantes, e as famílias dependem desse trabalho”, lamentou.
Uma das principais reclamações foram sobre as iniciativas de Doria na área de saúde, como o Corujão e o fechamento de farmácias de postos de saúde.
“Este é um retrocesso muito grande e, por trás de tudo isso, está o enxugamento do estado, ou seja, eliminar postos de trabalho nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), com o fechamento destas, e fazer com que o dinheiro público passe a ser canalizado para os empresários da rede farmacêutica”, afirmou Frederico Soares, da União dos Movimentos Populares de Saúde da cidade de São Paulo (UMPS).
Maria Júlia Montero, da Marcha Mundial das Mulheres, afirmou que a gestão do novo prefeito representa a “municipalização do golpe, com precarização dos serviços de saúde e da educação".
Para ela, a posse de Doria representa também um retrocesso para as mulheres. "Tivemos o fechamento da Secretaria de Política para as Mulheres, que representa a ameaça de terceirização de serviços associados a essa secretaria, como o atendimento às mulheres em situação de violência”, argumentou.
O vereador Eduardo Suplicy (PT-SP) participou do ato e expressou várias preocupações com a gestão de Doria, como a volta ao aumento da velocidade nas marginais.
"Quero reiterar o apelo de todos aqueles estudiosos do sistema do trânsito, que informaram que a diminuição do limite de velocidade fez com que deixassem de morrer 260 pessoas a cada ano, e de se acidentarem, mais de 4 mil. Para cada passo que o prefeito der e contrariar os interesses dos movimentos populares, podem contar comigo que estarei solidário a vocês.
Entre as entidades presentes estavam a União de Movimentos de Moradia, o Movimento Independente de Luta por Moradia da Vila Maria, o Ceprocig, a Unificação das Lutas de Cortiços e Moradia (ULCM), a Associação dos Trabalhadores Sem-Terra da Zona Oeste e Noroeste, a Associação Estrela Guia, Movimento de Moradia e Emprego da Zona Norte, o Levante Popular da Juventude, Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), o Movimento de Atingidos por Barragens, o Movimento LGTB da Frente de Luta Por Moradia, o Tortura Nunca Mais, a Marcha Mundial das Mulheres, a Associação Fala Negão/Fala Mulher e o Sindicato dos Ambulantes.
Edição: Camila Rodrigues da Silva
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