A população estadunidense, mais uma vez, reagiu em massa às medidas do recém empossado presidente Donald Trump. Na noite de sábado (27) e ao longo do domingo (28), milhares de pessoas protestaram nos aeroportos de várias cidades do país em repúdio à ordem executiva que suspende por tempo indefinido o acesso de todos os imigrantes provenientes da Síria — país em constante guerra civil há mais de seis anos —, e proíbe, por pelo menos 120 dias, a entrada de refugiados em território norte-americano.
A medida, assinada por Trump na sexta-feira (27), uma semana após assumir a presidência do país, também suspende a entrada de qualquer cidadão de sete países de maioria muçulmana — Iraque, Irã, Iêmen, Líbia, Somália, Sudão e Síria — por 90 dias e diminui pela metade o teto limite de refugiados que os Estados Unidos poderão acolher neste ano. Enquanto o ex-presidente Barack Obama havia estabelecido um limite de 110 mil refugiados, Donald Trump cortou o número para 50 mil.
No decorrer da campanha eleitoral, o republicano já prometera implantar ações de controle "extremo" para pessoas provenientes de países que os EUA consideram estarem ligados ao terrorismo. "Estou estabelecendo novas medidas de controle para manter terroristas radicais islâmicos fora dos Estados Unidos. Não os queremos aqui", afirmou logo após assinar a ordem executiva.
Os protestos da população em resposta à ação do governo Trump e em solidariedade aos refugiados aconteceram nos aeroportos de cidades como Los Angeles, Chicago, Nova York, San Francisco e San Diego. Líderes mundiais também se pronunciaram sobre a ação.
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, declarou, por meio do porta-voz do governo alemão, Steffen Steibert, que "está convencida de que a luta indispensável contra o terrorismo não justifica que se coloquem pessoas sob suspeita generalizada em função de uma determinada origem ou crença."
Neste domingo (29), em resposta às imediatas críticas mundiais, Donald Trump manifestou-se em sua conta no Twitter. O líder estadunidense afirmava que o país precisa de fronteiras fortes e de um veto extremo aos imigrantes. "Veja o que está acontecendo em toda a Europa e, de fato, no mundo: uma bagunça horrorosa!", disse.
Irã
O governo do Irã, um dos países mais afetados pelo veto, anunciou no sábado (28) a adoção de uma medida de reciprocidade contra os EUA. O país proibirá a entrada de estadunidenses em território iraniano até que Washinton suspensa a proibição para seus cidadãos.
O Ministro do Exterior iraniano, Mohammad Javad Zarif, manifestou-se no Twitter dizendo que a discriminação coletiva de Trump, ao invés de proteger o país contra atentados terroristas, ajuda no recrutamento de terroristas e que a medida "ficará marcada na história como um grande presente aos extremistas e seus apoiadores."
Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro por "O Apartamento", o cineasta iraniano Asghar Farhadi não poderá comparecer à cerimônia de premiação a ser realizada dia 26 de fevereiro em função da ordem de Trump.
Justiça estadunidense
Com a ordem executiva que endurece medidas de verificação de imigrantes, mais de 200 pessoas que estavam em voo para os Estados Unidos ou que já se encontravam no país foram detidas e aguardavam para serem deportadas, apesar de terem visto para entrar no país na sexta-feira (27).
A Justiça dos Estados Unidos, então, determinou, na noite de sábado (28), a permanência no país destes refugiados e imigrantes sob a condição de uma estada "de emergência".
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