Uma petição popular para suspender a visita oficial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Reino Unido chegou nesta segunda-feira (30/01) a mais de 1,5 milhão de assinaturas, motivando um debate de emergência no Parlamento sobre a medida, ao mesmo tempo em que milhares de pessoas se reuniram em Londres e pelo menos outras 35 cidades britânicas em protestos contra Trump.
A petição no site do Parlamento surgiu em meio às críticas de diversos políticos e setores da população de vários países ao decreto assinado por Trump na sexta-feira (27/01) que restringe a entrada de cidadãos de sete países de maioria muçulmana (Iêmen, Iraque, Irã, Líbia, Síria, Sudão e Somália) nos EUA e suspénde o programa de acolhimento a refugiados no país por 120 dias.
Mais cedo na mesma sexta-feira, a premiê britânica, Theresa May, encontrou-se com o presidente dos EUA na Casa Branca, na primeira reunião de Trump com uma liderança internacional. Na ocasião, May convidou oficialmente o republicano para uma visita ao Reino Unido, onde deve ser recebido pela rainha Elizabeth II.
A petição postula que Trump deve poder entrar no Reino Unido, mas não em uma visita oficial como chefe de Estado, pois sua “bem documentada misoginia e vulgaridade o desqualificam para ser recebido por Sua Majestade a Rainha ou pelo Príncipe de Gales”. Com 1,5 milhão de assinaturas, a petição passou com folga as 100 mil assinaturas exigidas para que o tema seja debatido no Parlamento, que se encontra em reunião de emergência na noite desta segunda-feira para discutir a questão.
O líder do Partido Trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, defendeu neste domingo (29/01) que a visita oficial de Trump seja suspensa enquanto o chamado "veto muçulmano" que ele impôs nos EUA esteja em vigor. "Donald Trump não deveria ser bem-vindo no Reino Unido enquanto ele ofender nossos valores com este vergonhoso veto muçulmano e ataques aos direitos dos refugiados e das mulheres", disse o trabalhista. "Theresa May estará falhando com o povo britânico se ela não adiar a visita oficial e condenar as ações de Trump nos mais claros termos."
Apesar dos protestos da opinião pública britânica, May anunciou que mantém seu convite ao presidente norte-americano. Segundo a BBC, a premiê acredita que desistir da visita de Trump "significaria apagar tudo que foi discutido no primeiro encontro em Washington", no qual concordaram em unir esforços em temas estratégicos para os governos norte-americano e britânico.
Parte da população britânica tem protestado contra Trump desde a campanha eleitoral à Presidência norte-americana. Em janeiro de 2016, o Parlamento britânico debateu outra petição popular pela proibição da entrada do magnata republicano no Reino Unido, proposta que acabou sendo descartada.
Na noite desta segunda-feira (30/01), milhares de pessoas foram às ruas do Reino Unido para protestar contra Trump e o veto imposto por ele a cidadãos de sete países de maioria muçulmana nos EUA, assim como contra a resposta morna do governo britânico à medida tomada pelo republicano.
Centenas de pessoas se reuniram em frente à Downing Street, sede do governo britânico em Londres, onde estão previstos discursos da cantora Lily Allen e do ex-líder do Partido Trabalhista Ed Miliband.
Outras centenas de pessoas se reuniram em cidades como Manchester, Birmingham, Nottingham, Edimburgo, Glasgow (Escócia) e Cardiff (País de Gales) em protestos organizados pela Anistia Internacional (AI) e outras associações de direitos humanos.
Trump provocou nova polêmica ao assinar na última sexta-feira uma ordem executiva que suspende o programa de amparo de refugiados nos EUA por 120 dias, com o objetivo de revisar o procedimento aplicado e evitar a entrada de potenciais terroristas.
Além disso, fecha as portas do país para refugiados sírios por tempo indeterminado e suspende por 90 dias a obtenção de vistos em sete países de maioria muçulmana considerados por ele com "histórico de terrorismo" – Sudão, Líbia, Iraque, Somália, Síria, Iêmen e Irã.
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