Aliado do presidente Michel Temer, Eunício Oliveira (PMDB-CE) é eleito, com 61 votos, presidente do Senado, sucedendo Renan Calheiros (PMDB-AL) para o biênio 2017/2018. Ele controlará um orçamento de R$ 4,2 bilhões por ano.
Seu oponente, o senador José Medeiros (PSD-MT), conquistou o apoio de 10 senadores, dez senadores votaram em branco.
A eleição confirmou o favoritismo do peemedebista e confere ao PMDB um domínio de 12 anos no comando da Casa.
Perfil
Deputado federal por três mandatos, Oliveira é um dos caciques do PMDB. Entre outras coisas, foi líder do partido na Câmara em 2003 e ministro das Comunicações durante o governo Lula (2004-2005). Apesar de ter sido um dos articuladores da vitória da segunda campanha de Dilma Rousseff no Ceará, em 2014, votou a favor do impeachment da petista, em associação com parlamentares pró-Temer.
O peemedebista também foi relator da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 55 na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), em que apresentou parecer favorável à medida, tendo sido um dos senadores que contribuíram para a aprovação do Novo Regime Fiscal na Casa.
Embora não seja alvo de inquéritos no Supremo, o senador é citado em delações da Lava Jato sob a acusação de ter recebido mais de R$ 2 milhões da Odebrecht. Na lista dos doadores de campanha em 2010, figuram, por exemplo, nomes como o da construtora OAS, uma das empreiteiras investigadas na força-tarefa.
Dono de empresas de limpeza, transporte de valores e vigilância, Eunício é um dos expoentes mais ricos e influentes da política nacional, com um patrimônio declarado de R$ 99 milhões. Também é membro da bancada ruralista no Congresso, sendo considerado um agropecuarista de sucesso. Tem dezenas de propriedades em Goiás, com destaque para a Fazenda Santa Mônica, no interior do estado, que foi declarada junto à Justiça Eleitoral em 2014 como tendo R$ 5 milhões em cabeças de gado.
Articulação
Depois de passar semanas em campanha extraoficial, Oliveira foi escolhido nessa terça-feira (31) como o candidato do PMDB à eleição, após reunião da bancada.
Líder do partido no Senado e considerado favorito na disputa, o peemedebista conta com o apadrinhamento do atual presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), e é apontado como o predileto de Michel Temer (PMDB), que não declarou apoio oficial, mas estaria atuando nos bastidores para levá-lo à presidência.
O PMDB tem atualmente a maior bancada da Casa, com 21 senadores. Dois deles, Elmano Férrer (PI) e Zezé Perrella (MG), migraram para o partido nessa terça-feira (31), advindos dos quadros do PTB. Tais deslocamentos tendem a consolidar ainda mais a hegemonia da sigla, que no cenário pós-impeachment segue a linha do Planalto, encampando a defesa das pautas do governo Temer.
Tradicionalmente, a legenda que tem a maior bancada costuma levar o pleito. Por conta disso, caso Oliveira seja conduzido à presidência, o PMDB, que emplacou os últimos três presidentes, contabilizará doze anos sequenciais no comando da Casa.
O senador enfrenta pouca resistência dentro do partido, tendo como destaque o membro da bancada paranaense Roberto Requião, um dos críticos do processo de impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff. Também conta com a simpatia de setores do PT, por exemplo, um dos motivos que têm levado a sigla a um inflamado debate interno.
Eunício vem sedimentando apoios dentro da Casa desde o último processo eleitoral, em 2015, e conta com uma vitória folgada diante do atual opositor e também governista, José Medeiros (PSD-MT), que tem pouca adesão dentro do próprio partido.
Edição: Camila Rodrigues da Silva
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