Policiais civis do estado do Rio de Janeiro, que decretaram greve no dia 20 de janeiro, ainda não têm data para voltar a trabalhar de forma regular. Cerca de 90% das delegacias estão funcionando de forma parcial, atendendo apenas ocorrências de maior gravidade, segundo a Coligação dos Policiais Civis (Colpol- RJ).
O policial Idelbrando Saraiva, membro da comissão de greve, afirma que a categoria está unida. “A adesão massiva à greve é fruto da união entre a Coligação dos Policiais Civis, o Sindicato dos Policiais Civis, o Sindicato dos Delegados da Polícia Civil, a Associação de Peritos e a Associação de Papiloscopista. Foi surpreendente como até as delegacias distritais e especializadas conseguiram paralisar as atividades não essenciais da polícia civil”, explica.
O comando de greve afirma que está garantindo o mínimo de 30% do efetivo em atividade. Entre as ocorrência que estão sendo realizadas nas delegacias em greve estão as prisões em flagrante, cumprindo mandados de prisão, registro de roubo de carro e os crimes com violência. Todos os demais serviços, assim como o setor administrativo, estão parados.
Os policiais reivindicam o pagamento do décimo terceiro salário de 2016, horas extras e benefícios como as bonificações de metas por redução da criminalidade, sem pagamento há seis meses.
Para reivindicar seus direitos, a categoria participou de um protesto realizado na última quarta-feira (1), organizado por servidores públicos do estado contra o “pacote de maldades”, como ficou conhecido as medidas de ajuste fiscal do governo de Luiz Fernando Pezão (PMDB). Depois do protesto, Idelbrando Saraiva garante que os policiais civis ficaram ainda mais motivados a continuar a greve. “Diante da truculência do Batalhão de Choque da PM e dessa política do PMDB, a categoria ficou ainda mais motivada. O PMDB tenta impor ao funcionalismo público um arrocho salarial, que não vai resolver a crise do estado”, diz o policial civil.
De acordo com o delegado Rafael Barcia, que é o presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Rio (Sinpol), a greve é por tempo indeterminado. “Enquanto o governo do estado não divulgar pelo menos um calendário de pagamento acho difícil acabar a greve”, aponta o delegado.
Os representantes das entidades de classe dos policiais civis se reuniram com o chefe da Polícia Civil, Carlos Augusto Leba, no dia 23 de janeiro, para discutir as reivindicações da categoria. Além do atraso nos pagamentos, os policiais também criticaram a situação de sucateamento das unidades de polícia e de perícia. De acordo com os grevistas, o chefe da polícia recebeu as reivindicações e informou que o governo do estado ainda busca uma solução para a quitação dos débitos com os funcionários da Polícia Civil, no entanto não há um calendário oficial.
Situação dramática
Enquanto esperam por uma solução do governo estadual, os policiais civis vivem uma situação dramática, de acordo com o relato de Idelbrando Saraiva. Os constantes atrasos nos salários e benefícios que complementam a renda estão causando problemas psicológicos sérios nesses trabalhadores da segurança pública. “Essa é uma situação complicada para todos os servidores do estado, entretanto os policiais têm um complicador que é o acesso à arma de fogo. É impossível prever o que vai fazer uma pessoa que trabalha e não recebe seu salário. Tudo isso é fruto da péssima gestão do PMDB”, destaca Idelbrando. No final do ano passado dois deles cometeram suicídio, segundo informou o presidente da Coligação dos Policiais Civis, Fábio Neira.
O Brasil de Fato entrou em contato com a assessoria de imprensa da Polícia Civil para saber se há previsão de acordo com a categoria. Em nota, a Polícia Civil respondeu que “não se manifesta sobre teor de decisão de entidade de classe” e informou que as unidades estão atendendo as emergências e casos complexos normalmente. Para as demais hipóteses, foi disponibilizada a confecção do registro de ocorrência através da Delegacia on line.
Edição: Vivian Virissimo
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