A fase pública do processo de negociação de paz entre o Exército de Libertação Nacional (ELN), e o governo colombiano se iniciou nesta terça-feira (7), em Quito, capital do Equador. Os diálogos ocorrem após o acordo firmado com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e trarão uma novidade: a participação de entidades da sociedade civil.
As mesas de negociação devem ter caráter itinerante, passando por países como Noruega, Venezuela e Cuba. Neste último, concentraram-se todas as fases do processo envolvendo as Farc e o governo.
O senador Roy Barreras, membro do grupo governamental nas negociações, afirmou em entrevista que “a instrução que recebemos do presidente Juan Manuel Santos é de ‘enfiar o pé no acelerador’ e trabalhar coletivamente para levar os diálogos a diante”. A frase carrega a preocupação com 2018, ano em que ocorrem as eleições presidenciais na Colômbia.
Em sua conta de Twitter, a delegação do ELN destacou que o início das negociações é “um grande amanhecer latino-americano cheio de esperança, convicção, paz e alegria”.
As negociações devem abordar seis pontos: participação da sociedade, democracia, transformações para a paz, direitos das vítimas, fim do conflito armado e implementação.
Sociedade civil
Ediver Suarez integra a Coordenação Nacional Agrária (CNA), uma das entidades que acompanharão os diálogos públicos. Para ele, o importante processo iniciado com as Farc pode agora dar um salto de qualidade, garantindo às negociações de paz uma “maior legitimidade”.
"O processo das Farc começa falando, como primeiro ponto, sobre esse tema. O ELN, em seguida, diz: este é um problema, e é necessária a participação da sociedade para resolver as questões estruturais do país”, diz. “A grande diferença é a possibilidade dada a toda gente na forma que se vai negociar", analisa Suarez.
Ele ressalta a origem e razão histórica do conflito em seu país. "O conflito social na Colômbia é mais antigo que o conflito armado, e é importante entender suas raízes [do conflito armado]. Elas estão, basicamente, na [ausência] de acesso à terra e em sua concentração. Temos um dos maiores índices de concentração fundiária no mundo", explica.
“A luta política social é a opção, nesse momento. Respeitamos muito aqueles que fizeram a opção histórica pelas armas. Mas esta guerra duraria a eternidade. Nem o governo pode derrotar os insurgentes, nem estes serão capazes de tomar o governo pelas armas", pondera.
Nesse sentido, a avaliação é de que o envolvimento da sociedade colombiana, englobando todo o espectro político do país, abre uma janela de oportunidade para “pensar um país com uma vida digna”.
Edição: Camila Rodrigues da Silva
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