O republicano Jeff Sessions, um dos maiores aliados de Trump durante sua campanha, tomou posse como procurador-geral dos Estados Unidos nesta quinta-feira (9), após ter sido confirmado pelo Senado no dia anterior. O ex-senador de Alabama, conhecido por suas posições radicais contra minorias, assume o cargo após a procuradora-geral interina, Sally Yates, ser afastada por se negar a defender o decreto de Trump contra refugiados e imigrantes.
Com 52 votos a favor e 47 contra, a indicação foi aprovada após atrasos forçados pelos democratas, que realizaram uma maratona de discursos contra a candidatura de Sessions. O senador já havia superado a votação no Comitê Judicial na semana passada, o obstáculo mais complexo, e só necessitava da maioria simples. Segundo a emissora CBS, o novo procurador-geral foi o "arquiteto" por trás dos planos do presidente Trump sobre questões polêmicas da campanha, como a imigração, a luta contra o terrorismo e a revogação de acordos comerciais internacionais.
Sessions já enfrentou processos, na década de 1980, por comentários racistas contra um advogado negro, tendo sua nomeação para juiz federal negada em 1986. O ex-senador de Alabama também é criticado por suas posições duras em relação à imigração, se opondo a qualquer concessão de cidadania aos imigrantes em situação irregular e apoiado a construção do muro na fronteira com o México. "Vamos fazer uma pausa e começar a analisar de onde estão vindo as ameaças", disse o então senador, em entrevista em junho.
Com a aprovação, Sessions assume a função de procurador-geral, ocupada interinamente desde a semana passada por Dana Boente após Trump ter afastado Sally Yates do cargo. A ex-procuradora-geral interina indicada pelo ex-presidente Barack Obama se negou a defender o decreto contra a entrada de refugiados e imigrantes assinado por Trump. "Sou responsável por zelar que as posições que tomamos nos tribunais sejam consistentes com a solene obrigação desta instituição de buscar a justiça e defender o que é correto", afirmou Yates, ao que a Casa Branca respondeu falando em "traição" ao Departamento de Justiça.
Os democratas elogiaram então a decisão de Yates e garantiram que Sessions ajudou Trump a redigir a ordem, uma acusação que o presidente do comitê judiciário do Senado, o republicano Chuck Grassley, rejeitou.
Oposição de democratas no Senado
Os democratas forçaram atrasos para a votação do novo procurador-geral, realizando uma maratona de discursos contra a sua candidatura, como fizeram com a secretária de Educação, Betsy DeVos, embora sem resultados.
Durante as plenárias, senadores democratas questionaram Sessions por seu período como procurador para o distrito sul do Alabama (1981-1993), quando foi acusado de fazer comentários racistas, brincar sobre a Ku Klux Klan (KKK) e perseguir judicialmente os defensores dos direitos civis dos afro-americanos. "Abomino a Ku Klux Klan, o que representa e sua ideologia de ódio", se defendeu Sessions durante as audiências.
A democrata Elizabeth Warren foi impedida no Senado de ler uma carta escrita pela viúva de Martin Luther King, Coretta Scott King, que acusa Sessions de usar seu cargo como promotor do Alabama há três décadas "para intimidar e assustar os eleitores negros de idade avançada".
Mitch McConnell, líder da maioria republicana, censurou a atitude da legisladora e disse que ela havia quebrado todas as regras do Senado. Em votação, a senadora de Massachussets acabou perdendo por 49 votos contra 43, o que impediu a leitura do carta na audiência e a participação de Warren em discursos nas sessões prévias à votação de Sessions.
No entanto, Warren publicou um vídeo nas redes sociais explicando o ocorrido e lendo a carta. O senador de Vermont Bernie Sanders, junto aos senadores democratas Tom Udall, do Novo Mexico, e Jeff Merkley, de Oregon, também leram a carta no Senado em sinal de protesto à censura contra Warren.
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