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Cunha joga todas as suas fichas para conseguir sair da prisão em Curitiba

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Ex-presidente da Câmara dos Deputados revelou sobre o suposto aneurisma virou manchete
Ex-presidente da Câmara dos Deputados revelou sobre o suposto aneurisma virou manchete - Agência Brasil
Cunha acusa Temer e poderá acusar outras figuras que compõem staff peemedebista

Há um esquema deliberado para desviar a atenção do que realmente importa na imprensa brasileira. O último exemplo está ocupando amplos espaços na mídia comercial conservadora. Trata-se de um suposto aneurisma do acusado de corrupção, o ex-deputado Eduardo Cunha. A afirmação de Cunha segundo a qual o peemedebista e atual Presidente usurpador Michel Temer indicou diretores da Petrobras envolvidos em atos corruptos ficou em segundo plano.

Mas o que o ex-presidente da Câmara dos Deputados revelou sobre o suposto aneurisma virou manchete em jornalões e telejornalões. No dia seguinte ao suposto aneurisma, alegação para o preso em Curitiba se beneficiar da soltura, Cunha se negou a fazer exame médico para confirmar o que tinha dito e teve grande destaque.

Mais importante do que o suposto aneurisma é a denúncia que deixa mal o golpista Temer, que só chegou a ocupar o cargo com o empenho de Eduardo Cunha, mas até agora não teve grande repercussão perdendo em larga escala para o suposto aneurisma.

Na verdade, por mais que queira Cunha para desviar o foco de suas ações na Petrobras, aneurisma não serve de justificativa para livrar alguém da cadeia. Basta controlar a pressão, segundo médicos, para evitar o que aconteceu com a ex-primeira dama Marisa Letícia. E ocorrer um acidente vascular cerebral pode acontecer em qualquer lugar.

Mas Cunha joga as suas fichas todas para conseguir sair da prisão em Curitiba. Acusa Temer e poderá acusar outras figuras que compõem o staff peemedebista que ocupa o governo, notoriamente ilegítimo e usurpador.

Nesse sentido, o papel(ao) da mídia comercial conservadora é fundamental. Coloca em segundo plano a denúncia, que no fundo é um aviso do acusado de corrupção que pode soltar mais coisas, dependendo da repercussão entre as figuras que acusou neste primeiro momento.

Alexandre Moraes no STF

Outro tema que ocupa espaços na mídia comercial conservadora é o dos sucessivos elogios ao agora ex-ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, indicado por Temer para Ministro do STF. O Globo, por exemplo, ignorou objeções ao indicado, inclusive a tese de doutorado do próprio Moraes, para colocá-lo nas alturas, como se fosse tal possível em se tratando de quem se trata.

Moraes, sem dúvida, vai ser confirmado pelo Senado, porque naquela Casa Legislativa o governo golpista tem total apoio e aprova qualquer coisa que quiser. O mesmo acontece na Câmara dos Deputados. O Parlamento, diga-se de passagem, conta com Moraes para aliviar a barra de integrantes das duas Casas acusados de mal feitos na Lava Jato.

ABI

Fazendo um paralelo sobre os últimos acontecimentos nacionais com a atual diretoria da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), pode-se constatar que a estratégia de ação é muito semelhante. Basta acompanhar o site da entidade para confirmar que acontece a chamada estratégia da dissimulação. Ou seja, questões que deveriam estar em primeiro plano são jogadas para espaços secundários, enquanto temas de relevância zero, como, por exemplo, o pedido feito pelo atual presidente Domingos Meireles para que a TV Record o recontratasse ganham espaço de grandeza.

Considerar o regime ditatorial instalado no Brasil a partir de abril de 1964 como “movimento político militar” e não ditadura pura e simples faz parte também da estratégia de dissimulação capitaneada por Domingos Meireles. Tecer elogios ao presidente golpista 2016 Michel Temer confirma ainda a que ponto chegou a atual diretoria da ABI.

Esconder atas que contam a história da eleição 2016-2019 da atual diretoria e a ocultação do um veto à chapa Villa Lobos, de oposição, completa o quadro da dissimulação que transformou uma entidade secular como a ABI em uma mera correia de transmissão de uma mídia comercial conservadora dominada pelos chamados barões (manipuladores) da mídia, colaboradores do golpe que colocou no governo Michel Temer e sua patota peemedebista, tucana, que conta com o apoio de outros partidos como o Dem, PP, PPS, PSD, devidamente compensados com cargos nos mais diversos escalões.

* Mário Augusto Jakobskindi é jornalista, integra o Conselho Editorial do Brasil de Fato no Rio de Janeiro, escritor, autor, entre outros livros de Parla - As entrevistas que ainda não foram feitas; Cuba, apesar do Bloqueio; Líbia - Barrados na Fronteira e Iugoslávia - Laboratório de uma nova ordem mundial.

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