O CNE (Conselho Nacional Eleitoral) do Equador anunciou nesta segunda-feira (20) que até em três dias o país saberá se Lenín Moreno, candidato de Rafael Correa, vencerá as eleições presidenciais do último domingo (19) no primeiro turno ou se precisará disputar um segundo com o oposicionista Guillermo Lasso no dia 2 de abril.
Com 88,5% apurados, Lenín tem 39,12% dos votos, contra 28,3% de Lasso e 16,31% de Cynthia Viteri (Partido Social Cristão). Mais de 12 milhões de equatorianos foram às urnas no domingo.
Para vencer no primeiro turno, o candidato que lidera a contagem precisa atingir ao menos 40% dos votos e ter ao menos dez pontos percentuais de diferença para o segundo colocado. Lenín só cumpre, até o momento, o segundo requisito: está 10,82 pontos percentuais a frente de Lasso.
De acordo com o presidente do CNE, Juan Pablo Pozo, há inconsistências nas atas – como, por exemplo, registros de totalização de urnas sem assinaturas dos mesários ou ilegibilidade. Segundo Pozo, 5,49% (cerca de 2.250 das 41.042 atas) têm algum problema.
Os resultados oficiais devem ser divulgados, afirmou Pozo, em um prazo de cinco a oito dias. O presidente do CNE disse que vai chamar Lenín e Lasso para conversar e explicar os procedimentos de apuração.
As pesquisas de boca de urna oscilavam entre uma vitória apertada de Lenín em primeiro turno e a disputa em segundo turno entre o candidato governista da Aliança País e Lasso, que afirmou, logo após a divulgação dos levantamentos, no domingo, que começaria a trabalhar "amanhã mesmo [segunda]" para a nova etapa. Lenín, por sua vez, disse em entrevista à emissora RT que está 'confiante' de que leva no primeiro turno, mas que está pronto para uma eventual segunda rodada.
Candidatos
O ex-vice-presidente Lenín, de 63 anos, anunciou em outubro do ano passado, quando aceitou a indicação para candidatura do presidente Correa, que seu companheiro de chapa na cédula eleitoral seria o atual vice, Jorge Glas. O candidato do movimento governista AP (Aliança País), defende uma "cirurgia maior" contra a corrupção e promete a criação de 250 mil postos de trabalho ao ano, assim como ações para a construção de 40 escolas técnicas e a erradicação da desnutrição infantil.
Com Moreno, o correísmo pretende continuar a “Revolução Cidadã”, que impulsionou políticas de inclusão social desde a chegada da Aliança País ao poder em 2007, além de implementar uma nova constituição em 2008. Tendo como inspiração a Revolução Liberal do Equador na virada do século 19 para o século 20, a atual constituição equatoriana segue a linha política do bolivarianismo. Para as eleições de 2017, o correísmo será representado pela Frente Unidos, coalizão formada pela Aliança País, Partido Socialista Equatoriano, Partido Comunista Equatoriano e outras organizações políticas menores.
Por sua vez, o ex-banqueiro Lasso, líder do movimento conservador Creo, propõe a eliminação de 14 impostos, a criação de 1 milhão de empregos e a supressão da lei de meios, algo também defendido por Viteri, que, nas pesquisas, já aparecia no terceiro lugar, com cerca de 14% das intenções de voto.
Edição: Opera Mundi