Criminalização

Sem-Teto são recebidos a tiros no Recife

Polícia militar atacou com balas de borracha; entre 15 e 20 militantes estão presos

Brasil de Fato | Recife (PE) |
"Eles atiraram massivamente. Foi uma operação de guerra. A PM já é violenta, mas hoje foi fora do comum"
"Eles atiraram massivamente. Foi uma operação de guerra. A PM já é violenta, mas hoje foi fora do comum" - Keila Vieira/MTST Pernambuco

Na última terça-feira (21) centenas de militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), em Pernambuco realizaram ato em frente à Companhia Estadual de Habitação e Obras (CEHAB), no cruzamento da avenida Agamenon Magalhães com a rua Odorico Mendes, nas proximidades do Shopping Tacaruna. O MTST teria uma reunião com o Secretário Estadual de Habitação, Bruno Lisboa, mas que foi desmarcada em cima da hora. O movimento tentou ocupar o prédio estadual. Alguns militantes entraram e centenas ficaram do lado de fora.

Segundo a advogada Ana Cecília, que acompanhou a ação, a Polícia Militar atacou tanto os militantes que entraram quanto os que ficaram do lado de fora. Os militares utilizaram principalmente balas de borracha. Entre 15 e 20 militantes foram detidos e levados para a Central de Flagrantes, em Santo Amaro, todos estão realizando exame de corpo de delito e permanecem detidos aguardando audiência de custódia. "Um advogado entrou na CEHAB para tentar mediar a situação, mas também foi recebido a balas de borracha e foi detido. Eu sou advogada e também apontaram a arma para mim e me mandaram correr", relata.

Após a recepção violenta e detenções, os manifestantes se dirigiram à Agamenon Magalhães na tentativa de trancar a via. Mas foram novamente alvo dos tiros de bala de borracha disparados pela Polícia Militar. "Eles atiraram massivamente. Foi uma operação de guerra. A PM já é violenta, mas hoje foi fora do comum", reclama. Segundo a advogada, há registros fotográficos de policiais sem farda, policiais usando gorro e todos estavam sem identificação. Ninguém ficou ferido por balas letais, mas segundo a advogada foi encontrado cartucho de bala letal, que foi levado ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE).

Além dos detidos (parte deles feridos), outros tantos manifestantes foram feridos pelos projéteis disparados pela PM. Entre os feridos pelos tiros de borracha há idosos e mulheres com crianças de colo. Alguns se dirigiram ao MPPE. Alguns militantes estão na Central de Flagrantes aguardando a soltura de familiares detidos nesta tarde, outros estão em hospitais e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).

A maior parte retornou à Ocupação Carolina de Jesus, no bairro do Barro, zona oeste do Recife, onde cerca de 400 famílias estão acampadas desde o dia 17, num terreno de 10 mil metros quadrados pertencente ao Governo do Estado, ao lado do Terminal Integrado de Passageiros. Segundo o MTST, enquanto o movimento realizava ato na tarde desta terça, carros da Polícia Militar chegaram à Ocupação sem mandado de reintegração de posse e ameaçavam invadir.

Edição: Monyse Ravena