Cerca de 300 camponesas do Oeste do Paraná iniciaram nesta terça-feira, em Cascavel, a Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra. Entre debates, mesas redondas e protestos contra a reforma da Previdência, elas prestam solidariedade a Fabiana Braga, militante do MST de 22 anos que foi presa em novembro durante a operação Castra, da Polícia Civil. A sede da jornada será a paróquia Rainha dos Apóstolos, no bairro Nova Cidade.
No primeiro dia de atividades, as camponesas participaram de debates sobre a conjuntura política e agrária, criminalização dos movimentos sociais e violência contra a mulher, além de estudos sobre a medida provisória do governo Temer que pretende privatizar a reforma agrária.
O impacto da reforma da Previdência para as mulheres do campo será discutido em uma mesa redonda na quarta-feira. No mesmo dia, elas vão participar da Marcha contra a Previdência, organizada por movimentos sociais, sindicatos, entidades estudantis e coletivos feministas e independentes de Cascavel.
MST contra o golpe
A pedagoga Geni Teixeira de Souza, integrante da coordenação regional do MST, afirma que o golpe não acabou: o governo Temer mantém uma agenda de retirada de direitos da classe trabalhadora – e as mulheres do campo são um dos principais alvos. “Estamos aqui para estudar, esclarecer esse momento que está acontecendo com o povo brasileiro, principalmente a retirada de seus direitos”, interpreta. “Esse encontro foi construído por muitas mulheres. Nós, do MST, não dormimos nesse processo todo que vem desde o golpe”.
A Jornada de Lutas acontece em todo país. Segundo a coordenadora sem-terra, é um momento de resistência, troca de experiências e organização da estratégia política contra o agronegócio, que causa desemprego, atinge a saúde da população e aprofunda as desigualdades no campo.
Prisões políticas
Homenageada na jornada deste ano, a militante Fabiana Braga está presa há mais de três meses, assim como outros seis militantes sem-terra no estado. Nenhum deles tem antecedentes criminais. Para o vereador Paulo Porto (PCdoB), que participou da abertura da jornada, a prisão é uma tentativa de criminalização do movimento, atendendo a pressões da empresa Araupel Celulose. Relembre o conflito.
Edição: Daniel Giovanaz