Coluna

EBC atual não passa de uma repetidora do que vem sendo executado por golpistas

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Trabalhadores lutam contra o desmonte da Empresa Brasil de Comunicação
Trabalhadores lutam contra o desmonte da Empresa Brasil de Comunicação - CUT
A EBC não passa hoje de um prolongamento do retrocesso que está passando o país

A Empresa Brasil de Comunicação (EBC), segundo o insuspeito jornal O Globo, vai conceder 30% de aumento para os atuais diretores, que na verdade não passam de capachos do governo golpista. A decisão foi colocada em prática pelo Conselho de Administração da empresa e adotada depois de troca de e-mails, segundo ainda a referida empresa midiática comercial. Quando extinguiram (ilegalmente) o Conselho Curador, a alegação, nunca comprovada, mas divulgada a todo instante pela mídia comercial como se fosse verdadeira era que o Conselho gastava demais. Mentira, a direção da EBC e a Casa Civil, na qual a EBC está atualmente subordinada, não queria de forma alguma que a sociedade civil seguisse representada acompanhando a programação e fiscalizando a direção. O Ministro Eliseu Padilha e sua patota na EBC só queriam mesmo é acabar com o importante espaço destinado à sociedade civil, um avanço no Brasil porque fortalecia o projeto da mídia pública, agora extinto para que a TV Brasil e outros espaços midiáticos da EBC se transformassem em mero canal estatal, ou seja, no caso uma correia de transmissão do governo atual, golpista e ilegítimo. O próprio governo já tem ao seu alcance o canal NBR, a voz do governo, mas queria ainda mais, ou seja, o fim de um espaço destinado a dar vez e voz a segmentos da sociedade brasileira que não encontram espaço na mídia privada.

O governo rasgou a Constituição, que contempla espaços em pé de igualdade para a mídia privada estatal e pública. O último espaço, portanto, deixou de existir com a ascensão do atual governo golpista.

O anúncio do aumento de 30% para os diretores sabujos confirma apenas o esquema atual, segundo o qual só conseguem ocupar a direção figuras de total e absoluta confiança do governo Temer. Exemplo concreto é o atual presidente da EBC, Laerte Rimoli, indicado por Eduardo Cunha e que participou ativamente da campanha do então candidato derrotado Aécio Neves.

A pouca vergonha que hoje acontece na EBC se estende aos cortes na programação e os tipos de debate onde se contemplam defensores do atual governo, bem como a censura a certos temas, como, por exemplo, protestos contra o atual estado de coisas no país proporcionado pelo projeto ladeira abaixo que está sendo executado desde antes da confirmação pelo Senado do golpe parlamentar.

Esta é a realidade nua e crua que não se deve esconder. Ou seja, que os que hoje mandam na EBC simplesmente vieram para levar adiante tudo o que o governo atual faz, além de extinguir o projeto da mídia pública, que colocava como norma o não vinculo da empresa com o governo, seja ele qual fosse.

Nesse contexto está inserido a proibição de qualquer imagem ou comentário que se aproxime do “fora Temer”, como aconteceu no Carnaval, ou críticas esclarecedoras do que os integrantes do governo e sua base aliada no Congresso estão fazendo no Brasil.

Em outras palavras, a patota da EBC não está fazendo jornalismo, está apenas adotando a velha e surrada estratégia do pensamento único, onde só tem vez um lado, o da defesa do projeto que reduz o Estado brasileiro e impõe medidas restritivas contra a maioria do povo brasileiro.

Para os defensores desse modelo, que acham até que não deveria existir a Justiça do Trabalho, como fez questão de dizer a figura patética do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, a atual EBC é um espaço democrático, quando na realidade concreta, é bem distante da democracia na verdadeira acepção da palavra. Aliás, vale lembrar, que foi Rodrigo Maia na qualidade de interino na Presidência, que decretou o fim do Conselho Curador. Os usurpadores estavam com tanta pressa que nem esperaram a volta do golpista titular que tinha viajado para Nova Iorque para discursar no plenário das Nações Unidas.

A EBC, portanto, não passa hoje de um prolongamento do retrocesso que está passando o Brasil, seja com o projeto da reforma da Previdência preconizado pelo governo usurpador para fortalecer a Previdência privada, seja a reforma trabalhista para satisfazer os apoiadores de Michel Temer e outras que poderão ainda ser apresentadas pelo Ministro da Fazenda, Henrique Meireles, também aposentado do Bank of Boston. Além de outros retrocessos já aprovados.

Trocando em miúdos, a EBC atual se comporta como uma correia de transmissão do projeto ladeira abaixo que está sendo executado no Brasil, transformado em uma colônia, como em outros tempos, que se imaginava nunca mais voltariam a infernizar a vida da população.

* Mário Augusto Jakobskind é jornalista, integra o Conselho Editorial do Brasil de Fato no Rio de Janeiro, escritor e autor, entre outros livros, de Parla - As entrevistas que ainda não foram feitas; Cuba, apesar do Bloqueio; Líbia - Barrados na Fronteira e Iugoslávia - Laboratório de uma nova ordem mundial.

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