O advogado Lúcio Adolfo, que trabalha na defesa do ex-goleiro do Flamengo, garantiu que o jogador Bruno vai assinar contrato de trabalho com um clube de futebol e que isso não deve passar dessa sexta-feira. A declaração foi feita à imprensa na quinta-feira (9). Segundo a defesa, Bruno teria recebido propostas de nove equipes de futebol, sendo de Minas Gerais, Brasília, São Paulo e Rio. O nome do clube não foi revelo pelo advogado.
No entanto, o movimento de defesa do direito das mulheres protestaram contra a volta do goleiro aos gramados. “O Bruno cometeu um ato extremamente grave contra a vida de uma mulher. E tão logo saiu da prisão vai voltar a ser ídolo de um esporte que já é machista. Isso passa o recado que basta ter dinheiro e fama para poder fazer o que quiser, inclusive matar uma mulher”, critica a integrante da Rede de Desenvolvimento Humano, Liliane Brum. Ela participou de um protesto onde dezenas de mulheres queimaram a capa da revista Placar, com a foto do goleiro Bruno, publicada em 2014. Essa manifestação aconteceu dentro no ato pelo Dia Internacional das Mulheres, que reuniu mais de 20 mil pessoas no dia 8 de março no centro do Rio de Janeiro.
Para o movimento feminista, o mais grave é que um clube que futebol possa colocar o goleiro novamente nos holofotes do esporte, sem reconhecer que cometeu um ato de violência. “É claro que as pessoas têm direito a reconstruir a vida, mas Bruno não demonstra nenhum arrependimento. O que ele cometeu foi crime de feminicídio, um ato de misoginia (de ódio às mulheres) e deve desculpas à sociedade e às mulheres. Bruno precisa dizer aos homens do mundo do futebol que isso não se faz”, afirma Eleutéria Amora, coordenadora da Casa da Mulher Trabalhadora (Camtra).
Liliane Brum destaca ainda que a rápida retomada de Bruno ao esporte, lugar onde o respeito e admiração pelos ídolos é quase que natural, justamente no mês de março, é considerado uma afronta às mulheres. “Justamente no mês em comemoramos o Dia Internacional da Mulher, quando denunciamos as violências que sofremos no cotidiano, e também nesse momento de ataque do conservadorismo aos nossos direitos, ocorre a volta de Bruno ao esporte. Isso é uma afronta. Estamos falando de um país onde 13 mulheres morrem por dia, vítimas do feminicídio”, destaca a integrante da Rede de Desenvolvimento Humano.
Bruno foi condenado pela morte de Eliza Samudio e deixou prisão no último dia 24 de fevereiro, após conseguir uma liminar no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele recorreu da decisão judicial que o condenou em primeira instância e lhe foi concedido o direito de esperar em liberdade pela decisão em segunda instância. Ele esteve preso por seis anos e já tem três anos que o processo está tramitando na segunda instância do Tribunal de Justiça de Minas Gerais.
Edição: Vivian Virissimo