O novo programa antidrogas proposto pelo prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB) enfrenta críticas de movimentos populares.
As reuniões para estruturação do programa estão sendo feitas a portas fechadas, sem a participação da sociedade.
A integrante da Iniciativa Negra por Uma Nova Política Sobre Drogas, Natália Oliveira, fala sobre a falta de diálogo com a prefeitura e a maneira como o programa vai lidar com a população dependente e em situação de rua.
“O que a gente têm ouvido falar na mídia nos deixa muito preocupados, como a exigência de abstinência, para que as pessoas fiquem no programa. A gente acha que um programa de drogas não deve ter como primórdio fazer com que as pessoas parem de usar drogas, mas sim que promova direitos e garanta cuidados”, avaliou.
Movimentos populares protestaram nesta semana contra o programa Redenção em frente a Secretaria de Segurança Pública, no centro da capital paulista.
Bob Controversista, conselheiro estadual de Direitos Humanos e membro do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa (Condepe), critica questões como a higienização da população de rua e a especulação imobiliária.
"[O programa] Ele tem uma forte influência nessa questão da especulação imobiliária e no desenvolvimento de negócios para essa ponte da pirâmide”, apontou.
O programa realizado na gestão do ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT) recuperou 88% dos beneficiários do programa, que são dependentes de crack.
O ex-secretário de saúde e médico, Alexandre Padilha, destacou as características do Programa De Braços Abertos.
"Pesquisas nacionais mostram ter mais de 80% de redução do uso abusivo de crack, que teve um retorno dessas pessoas aos equipamentos de saúde, que elas retornam o contato com as famílias", destacou.
A recepcionista Sueli, beneficiária do programa De Braços Abertos, avalia os dois programas e fala sobre a experiência dela :
"Numa gestão era uma coisa, agora é outra. No meu caso, eu tinha os meus benefícios, por eu ter problema de saúde, agora, como entrou a outra gestão, eu perdi os meus benefícios. Agora eu não vejo mais vantagem", avaliou.
A gestão atual da prefeitura promete apresentar o programa até abril.
Edição: Camila Maciel