"Redenção"

Programa antidrogas da prefeitura de SP enfrenta críticas de movimentos populares

As reuniões para estruturação do programa estão sendo feitas a portas fechadas, sem a participação da sociedade

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Região no centro da capital paulista ficou conhecida como Cracolândia
Região no centro da capital paulista ficou conhecida como Cracolândia - Marcelo Camargo/ABr

O novo programa antidrogas proposto pelo prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB) enfrenta críticas de movimentos populares.

As reuniões para estruturação do programa estão sendo feitas a portas fechadas, sem a participação da sociedade.

A integrante da Iniciativa Negra por Uma Nova Política Sobre Drogas, Natália Oliveira, fala sobre a falta de diálogo com a prefeitura e a maneira como o programa vai lidar com a população dependente e em situação de rua.

“O que a gente têm ouvido falar na mídia nos deixa muito preocupados, como a exigência de abstinência, para que as pessoas fiquem no programa. A gente acha que um programa de drogas não deve ter como primórdio fazer com que as pessoas parem de usar drogas, mas sim que promova direitos e garanta cuidados”, avaliou.

Movimentos populares protestaram nesta semana contra o programa Redenção em frente a Secretaria de Segurança Pública, no centro da capital paulista.

Bob Controversista, conselheiro estadual de Direitos Humanos e membro do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa (Condepe), critica questões como a higienização da população de rua e a especulação imobiliária.

"[O programa] Ele tem uma forte influência nessa questão da especulação imobiliária e no desenvolvimento de negócios para essa ponte da pirâmide”, apontou.

O programa realizado na gestão do ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT) recuperou 88% dos beneficiários do programa, que são dependentes de crack.

O ex-secretário de saúde e médico, Alexandre Padilha, destacou as características do Programa De Braços Abertos.

"Pesquisas nacionais mostram ter mais de 80% de redução do uso abusivo de crack, que teve um retorno dessas pessoas aos equipamentos de saúde, que elas retornam o contato com as famílias", destacou.

A recepcionista Sueli, beneficiária do programa De Braços Abertos, avalia os dois programas e fala sobre a experiência dela :

"Numa gestão era uma coisa, agora é outra. No meu caso, eu tinha os meus benefícios, por eu ter problema de saúde, agora, como entrou a outra gestão, eu perdi os meus benefícios. Agora eu não vejo mais vantagem", avaliou.

A gestão atual da prefeitura promete apresentar o programa até abril.

Edição: Camila Maciel