Centenas de profissionais de imprensa saem às ruas no México essa semana após o assassinato da jornalista Miroslava Breach Velducea, de 54 anos, correspondente regional do jornal La Jornada, de Chihuahua, capital homônima do maior dos 31 estados daquele país.
A jornalista levou três tiros na cabeça na última semana enquanto saía de casa para levar o filho à escola e, segundo o noticiário mexicano, o assassino deixou um cartaz com ameaças no local do crime. Velducea escrevia sobre casos de corrupção política, feminicídios, abusos de direitos humanos, violações à comunidades indígenas e sobre a violência dos cartéis de narcotraficantes.
Além dela, nas últimas semanas foram assassinados outros dois repórteres: Ricardo Monlui Cabrera, de 57 anos, de Veracruz, no sudeste mexicano, e Cecílio Pineda, de 39 anos, de Guerrero, na região sul.
O assassinato de três comunicadores em menos de um mês demonstra a dificuldade das instituições mexicanas em resolver a questão da violência contra a imprensa. Somente no ano passado, foram 11 profissionais de imprensa assassinados e outros 426 casos de agressões contra jornalistas registradas durante o exercício de suas atividades. Segundo um levantamento realizado pela Universidade Iberoamericana, 40% dos profissionais de imprensa foram vítimas de ameaças e outras intimidações por parte do crime organizado e também de setores do funcionalismo público.
De acordo com a Artículo 19, organização que defende a liberdade de imprensa no México, os 99.75% de impunidade em casos envolvendo a morte de jornalistas são um claro incentivo para que estes crimes sigam acontecendo. Desde o ano 2000, são 103 mortes envolvendo jornalistas e outros 23 profissionais encontram-se desaparecidos atualmente. Números que colocam o país como o mais perigoso das Américas para o exercício da profissão e instauram um clima de autocensura em todo o setor.
Mobilização nas redes
Após a onda de assassinatos do mês de março, diversos profissionais de imprensa se mobilizam pelas redes sociais com a palavra-chave #YaBastadeBalas (Chega de balas). Inúmeras organizações de defesa da liberdade de expressão, entre as quais a Anistia Internacional, exigiram medidas eficazes por parte do Governo Mexicano visando melhorar as condições de segurança e proteção dos profissionais.
Edição: Vanessa Martina Silva