Insatisfação

Indígenas fecham ponte Ayrton Senna em protesto contra o governo federal

Em carta dirigida à Funai e ao MP, eles pedem a demarcação de terras e melhores condições de vida nas aldeias

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Crianças pedem educação, saúde e cestas básicas
Crianças pedem educação, saúde e cestas básicas - Luís Fernando Jacques

Cerca de 450 indígenas da etnia Guarani ocupam, desde às três horas da madrugada desta segunda-feira (3), a ponte Ayrton Senna, no município de Terra Roxa, entre Guaíra (PR) e Mundo Novo (MS), no Oeste do Paraná. Entre as pautas principais da mobilização estão a demarcação dos territórios, o acesso a saneamento básico, cestas básicas, água, saúde, educação, a reforma das vias de acesso às aldeias e às escolas e a contratação de agentes de saúde e de professores.

Durante o protesto, a indígena Raquel Martins Rodrigues, da aldeia Karumbe'y, leu um abaixo-assinado dirigido à Fundação Nacional do Índio (Funai), ao Ministério Público federal e às autoridades municipais e estaduais, exigindo melhores condições de vida nas aldeias. Também participam da ação moradores das aldeias Porã, Mirim, Taturi, Jevy, Yvy Porã e Guarani.

Pela manhã, os prefeitos de Guaíra e Terra Roxa compareceram ao local para tentar um acordo e desocupar a ponte. No abaixo-assinado, os indígenas afirmam que estão "decididos a continuar na ocupação enquanto as autoridades de responsabilidade legal não assumirem a parte que lhes compete dentro de prazos assumidos em documentos".

Em janeiro deste ano, o governo Michel Temer (PMDB) publicou no Diário Oficial da União a Portaria nº 80, que transfere a responsabilidade de demarcação dos territórios da Funai para o Ministério da Justiça, ameaçando uma série de conquistas legais dos povos indígenas desde o fim da ditadura militar, em 1985.

Edição: Daniel Giovanaz