O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) convocou uma manifestação em Guarulhos, região metropolitana de São Paulo (SP), nesta quarta-feira (12). O ato Contra Os Despejos, em Defesa da Moradia! é uma resposta a uma reintegração de posse truculenta que ocorreu em uma ocupação no município. A concentração do ato será na Praça Getúlio Vargas, às 9h.
Na noite do último sábado (8), a Guarda Civil Municipal (GCM) despejou cerca de 500 famílias com uso de armas não letais. Segundo relatos de membros do MTST e registros em vídeo, os agentes entraram na ocupação sem mandado de segurança e usaram bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo, além de atiçar cachorros para atacar trabalhadores sem-tetos e crianças.
A ação deixou dezenas de feridos e quatro pessoas foram detidas e liberadas na madrugada do domingo (9). Para Natália Szermeta, coordenadora do MTST no estado de São Paulo, o Poder Público foi "covarde". "Não dá para permitir que uma ação como a que foi realizada fique sem resposta", disse.
Em nota enviada por e-mail pela assessoria de imprensa, a Prefeitura de Guarulhos negou a agressão por parte da GCM. A gestão de Gustavo Henric Costa, o Guti (PSB), afirmou que "exercitou seu direito de retomar a posse sobre a área de sua propriedade de forma pacífica".
Cerca de oito horas antes do despejo, a Prefeitura enviou representantes para dialogar com as famílias que ocupavam o terreno. O secretário de Habitação do município, Waldemar Luiz Tenório de Lima, estava presente na reunião.
Segundo Szermeta, a pasta concedeu um prazo de dez dias para que os ocupantes buscassem uma alternativa pacífica para o conflito e uma possível realocação das famílias. "Eles deram a palavra que, se fosse necessário ser feito algo por parte da prefeitura, seria feito um contato com o movimento e nada seria de surpresa", relatou a dirigente.
A assessoria do município confirmou o encontro e a presença do secretário no terreno, mas negou a negociação do prazo.
Disputa
Ainda por e-mail, a Prefeitura de Guarulhos informou que a área de 250 mil metros quadrados ocupada pelo MTST é pública e está destinada à instalação do Parque Tecnológico. Segundo a administração municipal, a GCM isolou o local para que o assentamento não crescesse em número de pessoas.
O MTST confirma que a ocupação é de um terreno público, mas alega que a área está abandonada "há décadas", e que fábricas utilizariam o espaço irregularmente. "Só depois que fizemos a ocupação, a Prefeitura declarou que estão construindo este projeto. Ou seja, não existe um projeto pronto, aprovado e com obras a começar. É uma opção política da Prefeitura de não resolver o problema habitacional", afirmou a dirigente do movimento.
A ocupação, localizada na Rua Servidão, nem chegou a ser nomeada e estava ocupada desde a sexta-feira (7). As pessoas despejadas estão dispersas e o movimento está reorganizando as famílias para o ato desta quarta-feira. "[A Prefeitura] precisa apresentar uma resposta e uma solução para o problema habitacional. Despejo não resolve o problema de moradia, só aumenta o número de ocupações", finalizou Szermeta. Já a Prefeitura afirmou que vai reforçar a vigilância no local para evitar "novas invasões".
Edição: Vanessa Martina da Silva