“Olha o rambutã, olha a pupunha, olha o milho verde; eita que é milho verde assado, cozido e cru; eita que tem o bolo da macaxeira; olha a polpa do cupuaçu e do taberebá, olha a farinha d’água boa e torrada; olha a farinha de tapioca, com coco e sem coco; olha a pamonha doce e salgada; eita licor de tamarindo e taberebá! Eita que tá bom demais!”. Pelo microfone, Paulo Sergio, militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Pará, anuncia os produtos expostos na III Feira da Reforma Agrária Mamede Gomes, realizada no último domingo (16) no mercado de São Brás em Belém.
Os alimentos livres de veneno e produzidos nos vários assentamentos do MST localizados na região metropolitana da capital paraense são apenas uma parte dos produtos que serão levados na 2ª Feira Nacional da Reforma Agrária, que irá ocorrer entre os dias 4 e 7 de maio, em São Paulo.
Teófila Nunes, Dona Téo, como gosta de ser chamada, vai participar do evento e conta que a preparação para levar os alimentos está intensa: “Como a gente sabe que a nossa comida é bem recebida nos estados quando a gente vai para a feira, a gente está fazendo de tudo. Todas as espécies de comidas que a gente tem aqui. O trabalho está a mil, porque a gente tem que preparar os patos, as galinhas, o açaí, enfim...".
Dona Téo mora no assentamento Mártires de Abril, que fica na ilha de Mosqueiro, 72 quilômetros distante da capital paraense. O local onde mora, chamado de Lote Agroecológico de Produção Orgânica (Lapo), tonou-se referência para estudiosos e pesquisadores no campo da agroecológica em assentamentos rurais da reforma agrária. O Lapo é fruto da dedicação dela com o esposo, Mamede Gomes, assassinado em seu lote no dia 22 de dezembro de 2012.
Mesmo sob forte calor amazônico, os agricultores não desanimavam e ofereciam seus produtos a todas as pessoas que ali passavam. Foi assim que Valdo Vidal, economista, de 48 anos, levou para casa diversos produtos como macaxeira, farinha, xarope de cupim e milho verde. Para ele, os preços da feira da reforma agrária estão “compatíveis” quando comparados a outros lugares: “Estão abaixo, estão compatíveis do ponto de vista da concorrência".
Além dos preços atraentes, as pessoas que visitaram a feira levaram para casa produtos orgânicos, como a farinha do assentamento Abril Vermelho, também da Ilha de Mosqueiro. Para o militante do MST, também morador do assentamento, Renato Leal, a “farinha boa né, sem agrotóxico, uma coisa tudo natural, aí já viu o pessoal caiu em cima".
A Feira Mamede Gomes integra as jornadas de lutas do movimento no Abril Vermelho. Além da feira, houve contação de histórias para as crianças, filhos e filhas dos camponeses, e exposição de livros da editora Expressão Popular.
Edição: Vanessa Martina Silva