Durante essa segunda-feira (17) cerca de 10 mil trabalhadores e trabalhadoras rurais de todo o estado de Pernambuco ocuparam as ruas do Recife em protesto no 6º Grito da Terra. A mobilização faz parte da agenda do Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária e apresentou reivindicações para a saúde, a segurança e a educação para o campo pernambucano. O ato também centrou força na luta contra as reformas da Previdência e Trabalhista, além da Lei da Terceirização Irrestrita, propostas pelo presidente não eleito Michel Temer.
O dia começou com uma ocupação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na sede regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), no Recife. Ainda pela manhã a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) sediou uma audiência pública para debater a reforma da Previdência. Milhares de camponeses ocuparam as galerias e a área externa da Alepe, carregando faixas e cartazes e gritando palavras de ordem contra a reforma proposta por Temer.
No turno da tarde os trabalhadores rurais saíram da Alepe em caminhada com destino ao Palácio do Campo das Princesas, sede do Governo do estado de Pernambuco. Em torno das 15h o ato chegou ao Palácio, onde uma comitiva se reuniu com o governador Paulo Câmara (PSB) com o objetivo de obter respostas sobre as pautas reivindicadas no Grito da Terra, além de pressionar o gestor estadual a se posicionar publicamente contra a reforma da Previdência. A reunião durou mais de duas horas, seguida por uma fala pública para os 10 mil trabalhadores rurais que aguardavam respostas do lado e fora do Palácio.
O presidente da Federação dos Trabalhadores em Agricultura de Pernambuco (FETAPE), Doriel de Barros, declarou que é central neste momento o combate ao golpe sofrido pela democracia e que tem atingido fortemente os trabalhadores e as trabalhadoras, retirando direitos e políticas para o povo do campo, além da ameaça de retirar o direito à aposentadoria. “Esse governo golpista vem adotando medidas que retiram nossos direitos. Os políticos pernambucanos que votarem a favor da reforma da Previdência terão o troco dos trabalhadores”, declarou. Ao falar das dificuldades que a população do campo tem enfrentado em Pernambuco, Doriel lembrou que as regiões Agreste e Sertão entram no sétimo ano de seca e cobrou políticas públicas de fortalecimento da agricultura familiar.
O governador Paulo Câmara (PSB) fez uma fala curta, citando o que as lideranças camponesas cobraram, mas sem se comprometer com nenhuma das pautas apresentadas pelos trabalhadores rurais. Câmara, que ocupa o cargo de primeiro vice-presidente nacional do seu partido, anunciou apenas que o PSB se opõe a qualquer mudança nas regras para a aposentadoria rural, mas não falou nada sobre os demais pontos da reforma da Previdência. O único compromisso assumido pelo governador foi o aumento de 10% no valor do programa de assistência rural Chapeu de Palha, que concede bolsas de valor entre R$100 e R$246.
Além de FETAPE e MST, participaram do 6º Grito da Terras os sindicatos de Trabalhadores Rurais (STRs), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e outros movimentos e organizações do campo.
Ocupações do MST em Pernambuco
Ainda como parte do Dia de Luta pela Reforma Agrária, o MST iniciou também no dia 17 de abril uma nova ocupação no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Recife. Essa é a segunda vez que o movimento ocupa o Incra este ano. Ao todo o MST ocupou, desde o fim de semana, 11 engenhos e fazendas em todo o estado de Pernambuco, contando com quase 2000 famílias nessas terras recém-ocupadas. As ocupações acontecem em Petrolina, Santa Maria, Itaquitinga, Paudalho, Jaboatão, Goiana, Cabo, Passira, Vitória , Riacho das Almas e Altinho.
Edição: Vinícius Sobreira