Mais de 1700 palestinos privados de liberdade nas cadeias dos territórios ocupados por Israel começaram, nesta segunda-feira (17), uma greve de fome por tempo indeterminado para denunciar a violações de direitos ocorridas nos centros de detenções israelenses e para exigir melhorias nas condições de aprisionamento. O início da greve coincide com o Dia dos Prisioneiros Palestinos.
O protesto está se tornando um dos maiores já feitos por palestinos encarcerados, e conta com o apoio do primeiro-ministro palestino Rami Hamdallah, bem como de líderes do Hamas, na Faixa de Gaza, e do Fatah, na Cisjordânia.
A greve começou na prisão de Hadarim, onde o líder da organização Fatah, Marwan Barghouti, cumpre, há 13 anos, a sentença de cinco prisões perpétuas proferidas por um tribunal israelense. A detenção é considerada por organizações palestinas como ilegal e ilegítima.
Em comentário escrito no cárcere e publicado no The New York Times nesta segunda, Barghouti diz que: “décadas de experiência demonstram que o sistema desumano de ocupação colonial e militar de Israel visa quebrar o espírito dos prisioneiros e da nação a que pertencem, impondo sofrimento em seus corpos, separando-os de suas famílias e comunidades, usando medidas humilhantes para dominá-los”.
Em entrevista ao Brasil de Fato, o ativista Badee Dwaik, que saiu há poucas semanas de uma prisão israelense, afirmou que “esta é a primeira vez que todos os palestinos estão se unindo a uma greve de fome; o que víamos anteriormente era que a maioria das greves eram feitas individualmente". Ele ressalta ainda que "desta vez é diferente, e é possível que para o fim desta semana sejam mais de duas mil pessoas fazendo a greve de fome”.
Este ano, completam-se 50 anos da ocupação de Israel em Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental. Segundo a organização Palestine Advocacy Project, durante estas cinco décadas, Israel destruiu 48 mil lares palestinos na Cisjordânia e Gaza, confiscou mais de 230 mil hectares de terras palestinas na Cisjordânia, ocupou esta região com mais de 600 mil colonos judeus, violando diretamente a Quarta Convenção de Genebra, que estipula a proteção dos civis em período de guerra.
Segundo a ONG de Direitos Humanos ADDAMEER, atualmente existem mais de 6.500 palestinos em prisões israelenses, sendo que mais de 300 são menores idade.
Algumas das principais demandas dos palestinos privados de liberdade são: restabelecer o direito de receber visitas duas vezes por mês a prisioneiros palestinos; não impedir visitas de parentes de primeiro e segundo grau; aumentar a duração da visita de 45 minutos a uma hora e meia; permitir que crianças e netos menores de 16 anos façam visitas a detidos; fechar o Hospital Prisional de Ramla, por não fornecer tratamentos adequados; acabar com a política israelense de negligência médica deliberada; libertar detidos doentes, especialmente aqueles que têm deficiências físicas ou mentais e doenças incuráveis; que os detentos não tenham que pagar o tratamento médico; terminar a política de confinamento solitário; acabar com política de detenção administrativa.
Edição: Vanessa Martina Silva