Em dezessete estados mais o Distrito Federal, o MST, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, vem realizando, desde o início desta semana (17), a Jornada Nacional de Lutas. Com diversos tipos de ações o objetivo é exigir o reposicionamento da pauta da Reforma Agrária na agenda do país.
Um dos atos unificados são as ocupações das superintendências do INCRA, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. Tais ocupações ocorrem nos seguintes estados: Pernambuco, Minas Gerais, Sergipe, Piauí, Maranhão, Alagoas, Ceará, Paraná, Espírito Santo, Mato Grosso, Goiás, Santa Catarina, Sergipe e Rio Grande do Sul, além da sede nacional no Distrito Federal.
O movimento também ocupou uma dezena de rodovias e ferrovias em diversos estados, além de realizar marchas e debates sobre a reforma agrária popular em universidades e prédios do governo.
Segundo Marina dos Santos, da Direção Nacional do MST, a pauta desta Jornada de Lutas está concentrada em quatro temas: a reivindicação da terra para assentar as mais de 130 mil famílias acampadas em todo o país; a exigência de políticas públicas para o desenvolvimento dos assentamentos; a denúncia das consequências da Medida Provisória 759; e a memória dos 21 anos de impunidade do Massacre de Eldorado dos Carajás, bem como do aumento da violência do latifúndio contra os trabalhadores rurais
A dirigente explicou qual é a demanda em relação ao assentamento das milhares de famílias acampadas: "Estamos exigindo que volte a ter vistorias de áreas, especialmente daquelas que não cumprem a função social de acordo com a Constituição Federal”.
Entre as ações protagonizadas pelo movimento ao longo desta Jornada, Marina ressaltou a ocupação de duas empresas.
"Eu destacaria duas áreas emblemáticas para denunciar o poder do latifúndio e do agronegócio: a ocupação da Cutrale em São Paulo, não é a primeira vez que ela é ocupada e que o MST do estado faz a denúncia de todos os perigos, consequências e problemas que essa empresa traz para os trabalhadores do campo na questão da contaminação através dos agrotóxicos. E também no dia da resistência indígena, um tema muito importante para o Brasil, foi realizada a ocupação das terras do Porto do Açu, do Eike Batista, em São João da Barra, no norte do Rio de Janeiro".
As mobilizações da Jornada de Lutas pela Reforma Agrária, de acordo com o movimento, vão até o dia 28 de abril, quando o MST se somará aos protestos da classe trabalhadora na Greve Geral. O primeiro de maio também será um dia de luta para os Sem-Terra, que aproveitarão o Dia do Trabalhador para denunciar as medida impostas pelo governo de Michel Temer.
Ouça a entrevista com Marina dos Santos:
Edição: Daniela Stefano