A crise econômica está afetando a formalização do trabalho doméstico na região metropolitana de São Paulo. É o que avalia o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, em entrevista para a Rádio Brasil Atual, com base nos dados da última pesquisa de emprego e desemprego realizada pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados, a SEADE.
Segundo Clemente, o estudo constatou que as condições de trabalho das trabalhadoras domésticas, que correspondem a 97% das pessoas na profissão, têm sofrido mudanças importantes nos últimos tempos.
"Nós temos também o impacto da crise econômica e portanto o aumento do assalariamento das trabalhadoras sem carteira de salário assinada, perdendo o vínculo de proteção social que o registro em carteira dá".
O estudo destacou ainda que há um crescimento do número de trabalhadoras diaristas, que não foram contempladas pela Emenda Constitucional que regulamenta o trabalho doméstico no país. Ao mesmo tempo, diminuiu o número de mensalistas.
"Espero que no futuro, com a economia crescendo, com o processo de valorização do trabalho no Brasil, ocorra o que ocorre nos países desenvolvidos. Que esse trabalho tenda a ser cada vez mais realizado por empresas especializadas que oferecem um trabalho protegido, com condições salariais adequadas, e não o que temos ainda hoje no país, um trabalho predominantemente precarizado, sem proteção social e muitas vezes explorado com jornadas elevadas e condições que não são adequadas para aquilo que o Brasil já conquistou de proteção social".
Por enquanto, a profissão sofre com a queda no rendimento médio e o aumento no desemprego, de acordo com as informações apontadas na análise do Dieese.
*Com entrevista da Rádio Brasil Atual