Estudantes e debatedores animados com a preparação da Greve Geral desta sexta-feira se reuniram na USP, a Universidade de São Paulo. Em preparação para este 28 de abril contra as reformas da Previdência e trabalhista, eles ressaltam o grande apoio da população, que se organiza para parar suas atividades.
O movimento é inédito, na opinião da economista Leda Paulani: "As mensagens que chegam, 'não vá ao mercado', 'não compre coisa', 'não faça nada'. Quer dizer, saia para a rua para ajudar a parar, senão fique em casa. É uma coisa que eu nunca vi, e eu já sou bem velhinha. Nunca vi nada parecido com isso. Eu poderia até ter visto, mas passei boa parte da minha vida adulta e jovem dentro da ditadura militar, então essas coisas não aconteciam. Acho que isso tem que nos animar."
Natália Szermeta, da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, o MTST, também acredita que o clima é favorável: "A gente tem sentido um clima bastante favorável para a greve. A população tem se informado, tem aderido à ideia da defesa dos direitos, da greve como forma de defesa dos direitos. A gente vê vários setores já anunciando greve, inclusive setores privados, escolas particulares. A expectativa é que tenha um impacto importante e um aviso importante aos deputados que estão se atrevendo a por em votação essas medidas e que possam repensar sobre elas porque não são essas as medidas que vão resolver o problema da economia no Brasil."
Para Guilherme Weffort, estudante de jornalismo de 19 anos, a juventude também precisa pensar na aposentadoria: "É muito importante que os estudantes se somem na luta justamente porque muitas dessas reformas e muitos desses ataques do governo Temer vão fazer efeito para a gente daqui a pouco. Porque, às vezes, parece uma questão meio distante. Aposentadoria, a gente pensa 'nossa, estamos na universidade ainda, vai demorar muito pra se aposentar', mas não. A reforma da aposentadoria tem uma influência direta na nossa geração e em como ela vai viver e ser inserida no mundo do trabalho."
Para Diego Pandullo, estudante de direito, esse é um momento histórico para a classe trabalhadora: "Queria lembrar que essa sexta-feira é uma possibilidade histórica da gente virar o jogo. Há 100 anos, em 1917, a gente viveu no país a nossa primeira Greve Geral. O último movimento nacional de greve foi 1996, há mais de 20 anos, ou seja, a nossa geração nunca vivenciou uma greve geral e tem a oportunidade. Chegou a nossa hora. É sexta-feira, gente", disse.
Para finalizar o encontro em preparação para a Greve Geral, ficou a mensagem de esperança da Aline Franco, diretora na Associação Nacional de Pós-Graduandos: "Sou nordestina, sou moradora do CRUSP, então gostaria de saudar todos vocês aqui presentes, em especial os meus companheiros e companheiras do CRUSP, nossa moradia estudantil. Estou grávida de nove meses, possivelmente o meu parto será no fim de semana, entre a greve geral dia 28 e o dia primeiro, dia do trabalhador. Pra mim é uma alegria imensa ter um filho nesta data, entre essas datas ou nessas datas."
Edição: Mauro Ramos