A mobilização nacional contra as reformas previdenciária e trabalhista do governo Michel Temer também teve repercussão nas regiões Oeste e Sudoeste do Paraná. Manifestações foram registradas ao longo do dia em dezenas de municípios da região, de Guaíra a Pato Branco.
Pela manhã, trabalhadores do campo e da cidade fecharam a BR 163, na comunidade de Marmelândia, entre as cidades de Realeza e Capitão Leônidas Marques. Segundo a organização, participaram cerca de 600 pessoas - entre elas agricultores, professores da rede estadual de ensino e técnicos e professores da Unidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). No final da tarde, também foi feito ato no centro da cidade de Realeza, reunindo manifestantes da região.
O agricultor Paulo Czekalski, integrante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pérola do Oeste, destacou a importância dos trabalhadores se unirem para barrar as reformas do presidente Michel Temer. "Estamos vivendo um ataque muito grande aos nossos direitos que estão na Constituição de 1988. O país todo está em luta e nós, aqui na região, queremos dialogar com a sociedade, com o comércio e com aquele trabalhador que ainda não tem noção da perda de seus direitos".
Barbara Hermann, dirigente da APP Sindicato de Francisco Beltrão, destacou a presença dos professores do Sudoeste na greve geral e lembrou do 29 de Abril, dia em que trabalhadores da educação e servidores públicos do Paraná foram atacados pelo governo do estado, em Curitiba.
"Trabalhadores do Sudoeste do Paraná, por conta de um governo golpista que não se preocupa com a sua população, estão reunidos para não perder seus direitos. Quero lembrar também que hoje faz dois anos que começou o massacre do governo Beto Richa contra a previdência dos funcionários públicos do Paraná. Se a população do campo e da cidade está na rua é por conta de governos opressores e militarizados", afirmou.
Atos da greve geral também ocorreram em Pato Branco e Francisco Beltrão, as duas maiores cidades da região Sudoeste. Em Beltrão, a população se concentrou no calçadão da cidade, após ter saído em passeata pela Avenida Júlio Assis Cavalheiro. Já em Pato Branco, cerca de 300 trabalhadores fizeram ato na praça Presidente Vargas, e depois seguiram em caminhada pelo centro até a agência do INSS. Entre os manifestantes, estavam representadas as categorias de comerciários, metalúrgicos, rodoviários, trabalhadores rurais, bancários, empregados da Sanepar e professores das redes estadual e municipal de ensino e também da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).
Para o professor da UFTPR Olivo Dambros, a retirada de direitos proposta por Temer revela outro lado cruel da democracia representativa: a falta de participação social nas instâncias de decisão. "Os governos não têm dado espaço para a sociedade participar do debate e construir alternativas e propostas de forma conjunta. Os políticos que nos representam se vendem por benesses e abandonam as bases que os elegeram. Isso ocorre porque eles votam de acordo com os grupos econômicos pelos quais foram financiados", denunciou.
Em Coronel Vivida, estudantes e trabalhadores ocuparam a Praça Getúlio Vargas, em movimento chamado #OcupeAPraça. Intervenções culturais e debates foram promovidos no local. Até o fechamento desta matéria, manifestações também haviam sido registradas em Dois Vizinhos, São Jorge do Oeste, Chopinzinho e Barracão.
Oeste
Em Guaíra, no extremo Oeste do Paraná, a manifestação foi encerrada perto do meio dia. A greve teve a participação de cerca de 200 trabalhadores da região, inclusive dos municípios de Marechal Cândido Rondon, Palotina, Assis Chateaubriand e Toledo.
"O governo federal isenta os grandes empresários de seus impostos, beneficia banqueiros e quer jogar a conta nas costas dos trabalhadores, retirando seus direitos – conquistados há muito tempo. Estivemos em passeata contra o regime deste governo corrupto e de um congresso também corrupto", disse o presidente do sindicato dos servidores públicos do município de Guaíra, Israel de Almeida.
Segundo Luciano Palagano, funcionário de escola em Marechal Cândido Rondon, o ato foi vitorioso em face da forte pressão que os trabalhadores sofreram ao longo da semana. "Houve muita pressão, inclusive da prefeitura de Guaíra, tentando fazer com que os trabalhadores não participassem da greve. Também teve movimento da mídia local, que divulgou informações de que os manifestantes poderiam até ser multados durante a mobilização. Mesmo assim o ato aconteceu e reuniu diversas categorias".
Em Cascavel, mais de dez mil trabalhadores ligados a mais de 40 sindicatos, organizações estudantis e movimentos sociais participaram da mobilização no Calçadão da Avenida Brasil, em frente à Catedral. Em todo Paraná, 90 categorias aderiram à greve geral. Na capital, em Curitiba, ao menos 30 mil pessoas participaram da mobilização.
Edição: Ednubia Ghisi