Os jornalistas da TV Anhanguera, afiliada da Rede Globo em Goiás, comentavam, de cima de um prédio, a depredação contra uma agência bancária enquanto a câmera enquadrava o estudante Matheus Ferreira da Silva, 33 anos, do curso de Ciências Sociais da UFG (Universidade Federal de Goiás). Ele se retorcia, ensanguentado, no asfalto quente. Uma amiga tentava atenuar as dores provocadas pelas pancadas de cassetete no rosto, desferidas por um policial militar. A agressão foi flagrada pelo jornalista Luiz da Luz. A foto acima mostra o momento em que o policial acerta o rosto de Matheus.
Mesmo machucado, no chão, Matheus não chamou a atenção dos policiais militares, que se afastaram, sem ajudá-lo. Tudo aconteceu às 12h30 desta sexta-feira (28/04), no centro de Goiânia, quando a Praça do Bandeirante, no cruzamento das Avenidas Goiás e Anhanguera, se transformou em um cenário de pancadaria ao vivo na televisão, tudo durante os protestos contra as reformas previdenciária e trabalhista.
Naquele momento, policiais militares _quase o dobro do número de manifestantes_ munidos de cassetetes e spray de pimenta, avançaram contra um grupo que, encapuzado, acertava paus e pedras no vidro de um banco, o mesmo que tentava atear fogo em bandeiras e lojas do centro da capital.
Do outro lado da avenida, outro grupo, sem capuzes, insistia em ficar perto de uma agência bancária quando foi cercado por policiais e agredidos aleatoriamente. Uma mulher aparece sendo agredida por pelo menos quatro policiais. Matheus caminhava com amigos quando foi surpreendido pelos policiais.
Matheus, segundo a nota divulgada pelo HUGO (Hospital de Urgências de Goiânia), para onde foi levado, sofreu traumatismo cranioencefálico e múltiplas fraturas. Ainda de acordo com informações do hospital, o estudante chegou à unidade por volta das 13h, em uma ambulância do Corpo de Bombeiros. Até o começo da noite, ele estava sedado e respirava com ajuda de aparelhos, em uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
Nota da PM
Depois de grande repercussão nas redes sociais, o Comando da Geral da Polícia Militar do Estado de Goiás afirmou que condena veementemente todo e qualquer tipo de agressão praticada por policiais militares no exercício de sua função.
A partir de imagens que mostram Matheus sendo agredido, o Comandante Geral da Polícia Militar, Coronel Divino Alves de Oliveira, determinou a abertura de Inquérito Policial Militar pela Corregedoria da corporação para apurar o ocorrido.
Ainda segundo o Comando da PM de Goiás, quatro policiais militares ficaram feridos durante os protestos.
“A Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária, uma vez comprovada a autoria, será rigorosa na punição, até para demonstrar cabalmente sua contraposição aos desvios e o seu apoio à imensa maioria dos policiais que atuam com correção moral e autocontrole”, informou a nota.
Edição: Ponte Jornalismo