Três militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) continuam presos em São Paulo após participarem das ações realizadas na greve geral da última sexta-feira (28), quando 40 milhões de trabalhadores paralisaram suas atividades contra os desmontes trabalhistas e da previdência do governo golpista de Michel Temer.
A detenção de Juraci Alves dos Santos, Luciano Antonio Firmino e Ricardo Rodrigues dos Santos foi denunciada pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados e pelos advogados do MTST.
A juíza Marcela Filus Coelho, entretanto, rejeitou o pedido dos advogados do movimento, e mantém os presos políticos detidos "em nome da ordem pública". Os militantes foram acusados de incêndio criminoso, explosão e incitação à violência e seguem detidos sem quaisquer indícios materiais ou provas além do relato de policiais militares.
Em nota, o deputado federal Paulão (PT/AL), presidente da CDHM, afirmou que a detenção arbitrária reforça a tese de ativistas de direitos humanos de que "há uma criminalização institucional de movimentos sociais no Brasil".
Segundo o coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos, a situação dos presos políticos da greve é séria e será realizada uma campanha em apoio a libertação dos ativistas.
"Até onde a gente tem conhecimento são os únicos de todos os detidos no dia da greve que permanecem presos, estão em presídios. Nós vamos tentar entrar com habeas corpus nesta segunda-feira, mas é preciso uma pressão forte. É importante que todos divulguem a campanha que estamos fazendo nas redes, e que contemos com o apoio e solidariedade de todos, porque a situação é gravíssima, são os presos políticos da greve geral", afirmou.
A violência sofrida por outros manifestantes pelo Brasil também foi denunciada pelo MTST e pela CDHM. O caso do estudante Mateus Ferreira da Silva, atingido por um policial militar com um cassetete no rosto enquanto se manifestava em Goiânia, também foi destacada. Mateus segue internado na UTI do Hospital de Urgências em Brasília, com traumatismo cranioencefálico e fraturas múltiplas.
De acordo com a nota divulgada pelo deputado Paulão, a Comissão continuará monitorando denúncias de violações de Direitos Humanos na Greve Geral. Em nota, as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, uma das organizadoras da paralisação da última sexta-feira, afirmaram que continuarão lutando até que todos os presos políticos sejam soltos. "Permaneceremos na luta em defesa dos nossos direitos".
No momento, um habeas corpus está sendo despachado para o Tribunal de Justiça pelos advogados do MTST e espera-se que até o final do dia uma segunda decisão seja tomada.
Edição: Luiz Felipe Albuquerque