O Coletivo de Sindicatos de Londrina, junto a trabalhadores, lideranças comunitárias, religiosas e de movimentos sociais da cidade, mobiliza um ato na Câmara de Vereadores nesta quinta-feira (4), às 13h, em repúdio às declarações do vereador Filipe Barros (PRB). O parlamentar postou em sua página no Facebook um vídeo em que chama os trabalhadores de “cambada de vagabundos”.
A declaração foi divulgada no dia da greve geral, 28 de abril, que reuniu cerca de 20 mil pessoas em um ato na cidade, contra as reformas trabalhista e previdenciária do presidente Michel Temer (PMDB). “O negócio é bullying em grevista”, disse o vereador em meio a risos. A gravação foi feita de dentro de um carro, por uma pessoa sentada no banco do carona, enquanto o próprio vereador dirigia. Em seguida, ele afirma que cometeria violência contra os manifestantes, caso estivessem em frente ao seu estabelecimento: “Se faz isso na frente da minha loja, eu desço o porrete em todo mundo”.
Segundo informações disponibilizadas pelos organizadores do protesto, durante o ato será formalizada uma denúncia na Comissão de Ética da Câmara. Como símbolo da indignação diante das declarações do vereador, os organizadores do ato pedem que os participantes levem a carteira de trabalho.
Críticas e reações
O Presidente do Sindicato dos Eletricitários do Norte do Paraná, Sandro Adão Ruhnke, criticou a postura do vereador – que, segundo ele, é incompatível com o decoro parlamentar. “É inadmissível que uma pessoa como ele, integrante de um conselho que trata justamente dos Direitos Humanos, afronte os trabalhadores de maneira tão ofensiva”, lamenta.
De acordo com o padre Cristiano Bento dos Santos, Filipe Barros tem utilizado a estrutura da igreja para semear a discórdia e a divisão na cidade. “Estou aqui para fala em nome de alguns padres que não apoiam esse cidadão porque nós precisamos levar o amor, e não a discórdia. Nós devemos lutar pelo nosso trabalhador, que já nessa cidade. Não é admissível chamá-los de vagabundos”, afirma. O clérigo disse, ainda, que um colegiado de presbíteros irá se reunir para discutir a atitude do parlamentar e deliberar possíveis medidas.
Histórico de desrespeito
O vereador responde a ação no Ministério Público por discriminação religiosa e injúria racial, e também já foi investigado por compra de votos. Em seu perfil na rede social, o parlamentar expressa apoio a posições do grupo de extrema direita Movimento Brasil Livre (MBL) e ao teórico da mesma corrente, Olavo de Carvalho.
Segundo as prerrogativas do Código de Ética e Decoro da Câmara dos Vereadores de Londrina, os parlamentares devem tratar os cidadãos com respeito, além de garantir o cumprimento das leis previstas na Constituição Federal. A direito à greve e à manifestação estão previstas na Constituição brasileira.
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Edição: Carolina Goetten e Ednubia Ghisi