Quatorze jornalistas foram assassinados em cinco países da América Latina somente no ano de 2017, segundo apontou um balanço da Comissão Investigadora de Atentados a Jornalistas (Ciap, na sigla em espanhol), que faz parte da Federação Latino-americana de Jornalistas. Os dados são referentes aos meses de janeiro a abril.
Nesta quarta-feira (3) é celebrado o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. A data surgiu a partir da Organização das Nações Unidas e em comemoração à instalação da Declaração de Windhoek, em 3 de maio de 1991, que dispõe sobre a liberdade do exercício do jornalismo.
Sete assassinatos ocorreram no México, dois no Peru, dois na República Dominicana, um na Guatemala, um em Honduras e outro na Venezuela. Segundo o Ciap, de 2006 até abril de 2017 ocorreram 401 assassinatos de jornalistas e trabalhadores da imprensa na América Latina e no Caribe.
De acordo com o informe, organizado e interpretado pelo presidente do Ciap, Ernesto Carmona, “as mortes são cometidas por sicários pagos com dinheiro da corrupção política e de seu principal aliado hoje, o narcotráfico”.
No relatório, ele acrescenta que “baixo um denominador comum de impunidade, a morte é o atentado definitivo contra um jornalista, mas não é a única forma de agressão que sofrem os repórteres de meios pequenos e médios, e correspondentes [...]. Diversos organismos de direitos humanos e observatórios de jornalismo do México, da Colômbia, de Honduras, da Guatemala e de outros países que estão denunciando constantemente as ameaças de morte a jornalistas, inclusive ataques de incêndio a suas casas, atentados e golpes de criminosos ou policiais, entre outros.”
Além do medo com que trabalham os jornalistas, alguns jornais fecham as portas para preservar a vida de sua equipe, enquanto outros optam por ignorar as notícias que podem levar a assassinatos, relata o Carmona.
Por fim, o documento avalia que “as leis de proteção são ineficazes, em particular a que está vigente no México. Além disso, em cada país latino-americano são registradas, de maneira permanente, atentados e violações dos direitos à informação e à liberdade de expressão que pertencem a todos os cidadãos, não somente aos jornalistas”.
Confira o levantamento feito pelo Ciap dos assassinatos neste ano:
México:
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Filiberto Álvarez Landeros, de 65 anos, jornalista e locutor da rádio La Señal de Jojutla, foi assassinado por sicários na noite de 29 de abril, em uma rua do município de Tlaquiltenango, estado de Morelos, depois de terminar seu programa Poemas y Cantares.
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Juan José Roldán Ávila, de 36 anos, comunicador e ativista pelos direitos LGBT, foi morto a golpes em 16 de abril, em Calpulalpan, no estado de Tlaxcala, segundo denuncia da União de Jornalistas deste estado (UPET). O seu corpo foi encontrado com marcas de tortura em um prédio agrícola. Este seria o sexto jornalista-comunicador assassinado este ano no México.
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Maximino Rodríguez Palacios, de 73 anos, repórter da seção policial do blog Colectivo Pericú, de Baja California Sur; foi assassinado a tiros em 14 de abril (sexta-feira santa), en La Paz, após chegar a um centro comercial em companhia da sua esposa, Raquel Romo Medina, quem ficou ilesa.
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Miroslava Breach Veducea, de 54 anos, correspondente do jornal La Jornada, em Chihuahua, foi assassinada no dia 23 de março, quando levava seu filho à escola. Segundo representações de jornalistas mexicanos (Felap-México, Fapermex e outros), com este assassinato, somam 264 homicídios de profissionais da imprensa no país.
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Ricardo Monlui Cabrera, de 57 anos, diretor de El Político, colunista dos jornais locais El Sol de Córdoba e Diario de Xalapa, além de presidente da Associação de Jornalistas e Repórteres Gráficos de Córdoba, foi morto a tiros em 19 de março, em Yanga, estado de Veracruz, na presença de sua família.
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Cecilio Pineda Birto, de 39 anos, diretor do diário La Voz de la Tierra Caliente e colaborador do periódico El Universal, foi assassinado em 2 março, em Ciudad Altamirano, Tierra Caliente, estado de Guerrero.
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Carlos Alberto García Martínez, de 41 anos, cronista esportivo, locutor e administrador de vendas de Radiorama Colima, foi morto em 20 de fevereiro no município de Tecomán, Colima, junto a seu amigo de 18 anos Hernán García Carranza.
Perú
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Julio César Moisés Mesco, de 27 anos, jornalista de Ica, da área de imprensa da municipalidade local, desapareceu em 11 de fevereiro. Seus restos mortais foram achados em 25 de fevereiro, no distrito de Ocucaje.
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José Feliciano Yactayo Rodríguez, de 55 anos, jornalista de televisão, natural de Huara, visto pela última vez no distrito de San Luis e denunciado como desaparecido em 25 de fevereiro, foi encontrado mutilado em 3 de março dentro de uma maleta em Andahuasi, 139 quilômetros ao norte de Lima.
República Dominicana
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Luis Manuel Medina Pérez, locutor, da emissora 103.5 FM, de San Pedro de Macorís, no leste da República Dominicana, foi assassinado em 14 de fevereiro por sicários que invadiram a rádio enquanto se transmitia o programa informativo Milenio Caliente.
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Leónidas Antonio Evangelista Martínez, jornalista e diretor da emissora 103.5 FM, de San Pedro de Macorís, da República Dominicana, foi assassinado junto com Medina Pérez.
Guatemala:
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Manuel Salvador Villagrán Trujillo, de 39 anos, jornalista porta-voz da municipalidade de San Jorge, departamento oriental de Zacapa, e repórter de um noticiário, sofreu uma emboscada em sua motocicleta e cravejado de balas em 19 de janeiro de 2017, no quilômetro 149.5 da estrada local.
Honduras:
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Igor Abisaí Padilla Chávez, de 37 anos, jornalista hondurenho de TV, foi assassinado a tiros na tarde de 17 de janeiro, em uma rua deSan Pedro de Sula, no norte de Honduras. A diretora geral da UNESCO, Irina Bokova, denunciou que “estes crimes buscam romper o tecido social”.
Venezuela:
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Arnaldo Enrique Albornoz Bracho, de 34 anos, conhecido rosto da mídia venezuelana, foi assassinado a tiros do lado de fora de seu domicílio em Caracas, na madrugada de 15 de janeiro.
Edição: Vivian Fernandes