O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, entregou nessa quarta-feira (3) o decreto de convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte ao CNE (Conselho Nacional Eleitoral) e afirmou que "o povo venezuelano abre um novo processo histórico" com a medida.
"É a hora da história, é a hora da Constituinte", afirmou Maduro, na Praça Caracas, onde centenas de manifestantes se reuniram em apoio à iniciativa.
Segundo o chefe de Estado, com a Constituinte os venezuelanos vão decidir "se querem violência ou paz". "Eu sou um presidente obediente ao que o povo decida, e se o povo decide por uma Constituinte popular e revolucionária, haverá Constituinte popular e revolucionária", ratificou.
O presidente também classificou a medida como a convocação de "um grande diálogo nacional, um grande encontro das ideias para a união, a participação, a democracia e a liberdade".
O processo constituinte, que pretende refundar o ordenamento jurídico venezuelano, permitirá ao povo eleger com voto universal e secreto todos os constituintes.
A presidente do CNE, Tibisay Lucena, afirmou que os setores que integram o país terão "viva voz e voto na assembleia" e que a Constituinte é uma grande oportunidade para o encontro e o debate nacional.
A Comissão Presidencial Venezuelana para a Assembleia Constituinte – presidida pelo ministro da Educação do país, Elías Jaua – será responsável por organizar a consulta nacional que começou nesta semana com os diversos setores da sociedade venezuelana.
Maduro rechaçou a violência em protestos contra seu governo, que já deixou 31 mortos nas últimas cinco semanas, além de 519 feridos e mais de 500 comércios afetados em todo o país, segundo a Procuradoria-Geral venezuelana. "Diálogo sim, violência não, votos sim, balas não, vida sim, morte não! É a palavra de ordem, que viva a paz", afirmou.
A oposição venezuelana rejeitou a proposta de Constituinte, que qualificou como "fraude", e pediu que a população "se rebelasse".
Novos mortos em meio a protestos antigoverno
Três pessoas morreram na terça-feira (2) durante protestos em Carabobo, no centro da Venezuela, onde também foram registrados saques e danos a alguns imóveis, segundo informações divulgadas pelas autoridades através das redes sociais.
O Ministério Público, disse através do Twitter que investigará a morte de Yonathan Quintero, um jovem de 21 anos, ocorrida na "noite de terça-feira, na avenida Villa Florida", na cidade de Valencia, capital de Carabobo, durante uma "situação irregular".
O órgão não forneceu mais detalhes sobre este caso.
Por sua vez, o diretor da Defesa Civil, Jorge Galindo, afirmou que um ônibus colidiu ao "tentar desviar de uma barricada" na estrada Puerto Cabello-Valencia, e que este acidente culminou com a morte de duas pessoas e deixou dez feridas, que foram levadas para um hospital da região.
Também através do Twitter, Galindo mostrou fotografias do local com os obstáculos na via que, segundo ele, causaram o acidente.
Nesta quarta-feira (3), 180 pessoas teriam ficado feridas durante um protesto em Caracas contra a convocação da Constituinte, em meio a incidentes violentos e repressão policial da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militarizada), segundo a Agência Efe.
(*) Com AVN e Agência Efe
Edição: Opera Mundi