Cerca de 1500 trabalhadores rurais de todo o Paraná se reuniram na manhã desta terça-feira (9) na BR 277, em memória a Antônio Tavares Pereira.
Nesse local, há 17 anos, Tavares Pereira foi assassinado e dezenas de pessoas ficaram feridas pela Polícia Militar. Na ocasião, os sem-terra estavam sendo impedidos de entrar na capital paranaense em função de um interdito proibitório do então governador Jaime Lerner.
A mobilização é também contra a criminalização dos movimentos sociais e faz parte da Jornada pela Democracia, organizada pela Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo.
Esta jornada ocorre hoje e amanhã e coincide com a ida do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva à Curitiba. Está previsto para esta quarta-feira o depoimento de Lula ao juiz Sergio Moro no âmbito da operação Lava Jato.
Em seguida ao ato em frente ao monumento em homenagem a Tavares Pereira, os manifestantes seguiram em direção ao acampamento popular, montado em Curitiba na noite desta segunda-feira, mesmo com uma decisão judicial que visava restringir o ato.
A decisão da juíza Diele Denardin Zydek, divulgada na última sexta (5), impede que movimentos montem acampamento ao redor do local onde Lula será interrogado.
Os organizadores da manifestação já recorreram da decisão. Júlio Turra, da executiva nacional da Central Única dos Trabalhadores, comenta a decisão.
“A decisão foi autoritária, negando o direito elementar de manifestação. Corresponde ao Estado de Exceção que estamos vivendo, no qual o Judiciário se avoca ter todos poderes.”
Raimundo Bonfim, coordenador nacional da CMP, a Central de Movimentos Populares, critica o que considera a ausência de isenção no caso.
“A juíza é uma seguidora de Sérgio Moro. A decisão é ridícula, fere o direito de se manifestar. É totalmente parcial, assim como ele. Ela se manifesta politicamente, se referindo ao ex-presidente Lula”.
Bonfim se refere ao perfil de Facebook da juíza, na qual há diversos elogios a Moro, críticas a decisões do Supremo Tribunal Federal e ao menos uma menção ao petista: “A casa caiu”.
A assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Paraná informou à reportagem do Brasil de Fato que a corte não se manifesta sobre o caso enquanto instituição e que a Lei Orgânica da Magistratura impede posicionamentos públicos da juíza Zydek enquanto o processo está em andamento.
Edição: Brasil de Fato