É sabido que o futebol profissional se tornou um lucrativo investimento financeiro, com a benevolência do Estado ao não cobrar os tributos devidos e a orquestração de tabelas, datas e horários pelo grande veículo de mídia, o Império Globo. Que, por sua vez, também conta com a mesma benevolência do Estado.
O que se explicitou no domingo (7), mais do que quem levantaria a taça, foi o fato de esse Império ter o poder de veto sobre as publicidades dos estádios palcos do esporte de preferência nacional.
O que se pretendia tornar público era o dano da reforma Previdenciária aos trabalhadores, que já são os verdadeiros craques na arte de sobreviver. Mas, o Império Globo tem lado, pois também é patrão e usou a censura como método de silenciar a representação dos trabalhadores e proibiu a mensagem da CUT: "Morrer sem se aposentar, isso é a reforma da Previdência".
Será que as entidades representativas do jornalismo empresarial também condenam tal censura? O que pensam as entidades invocadas tão rotineiramente pela Rede Globo para ter o direito de opinar, sem estabelecer o contraditório?
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) continua acreditando que o jornalismo deve fiscalizar o poder público ou concorda com a postura chapa branca adotada pela emissora?
A Associação Brasileira de Rádio e TV (Abert) condena o cerceamento de opiniões ou acha que vetar denúncias contrárias aos interesses empresariais da TV é lícito jornalisticamente?
A Associação Nacional de Revistas (Aner) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) aprovariam tal prática nas plataformas de notícias que representam?
Recentemente, além das edições maniqueístas a que nos acostumamos nos telejornais globais, temos deixado de assistir as manifestações tanto visuais quando sonoras das torcidas. Afinal têm sido frequentes nos estádios os gritos de "Fora Temer" e "Abaixo a Rede Globo, o Povo não é bobo".
Queremos mais que liberdade para as empresas jornalísticas. Queremos liberdade verdadeira de imprensa e direito à informação. Vamos continuar lutando contra a reforma da Previdência e trabalhista, como também pela democratização da comunicação!
*Paulo Henrique Santos Fonseca é diretor de comunicação do SindUTE-MG, diretor da CUT-MG e membro do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC/MG).
Edição: Frederico Santana