O crítico literário e sociólogo Antonio Candido faleceu nesta sexta-feira (12), aos 98 anos. Autor de diversas obras - entre elas o clássico Formação da Literatura Brasileira -, o professor da Universidade de São Paulo (USP) era tido como um dos maiores intérpretes da sociedade brasileira.
A importância de seu pensamento transparece nas diversas declarações lamentando sua morte e celebrando seu legado.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizou as redes sociais para homenagear Candido.
Eduardo Suplicy, vereador no município de São Paulo pelo PT, postou em seu perfil de Facebook uma carta enviada por Candido em 2015 - na qual lamenta que o parlamentar tenha perdido a disputa pelo Senado.
André Singer, professor titular de Ciências Política na USP, também ressaltou a importância política do crítico literário:
“Além de ter sido um dos maiores pensadores do Brasil, Antonio Candido ajudou, de maneira decisiva, a fixar o socialismo democrático como alternativa ideológica no país. A sua morte é uma perda inestimável, para os brasileiros em geral e, para os socialistas democráticos, em particular””.
Escritor poeta e professor de Filosofia na Faculdade do Sul da Bahia, Ademar Bogo qualificou Candido como “uma pessoa integrada à produção literária e filosófica que orientou o pensamento durante as últimas décadas”.
“Sua presença trouxe para a literatura o aspecto crítico, permitindo a nós, estudiosos, centrar nossa capacidade de formulação sobre teses que trouxeram qualidade a diversas áreas do conhecimento e da produção intelectual. O que nos consola é que ele teve um longo tempo para produzir seu legado. A obra dele está completa, isso nos dá a garantia de que ele permanece vivo na continuação de nossos estudos e na orientação das futuras gerações”, continuou o filósofo.
O ex-ministro da Educação Aloizio Mercadante apontou, por meio de nota, receber a notícia com “profunda tristeza”: “Além de ter uma presença marcante na crítica literária, Antonio Candido é um dos fundadores do PT e sempre esteve ao lado da democracia e das lutas populares. Sua memória sempre estará presente em nossas lutas e sonhos. Neste momento de dor, deixo minha homenagem e solidariedade aos familiares e amigos”.
A professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP Ermínia Maricato ressaltou que a obra e o exemplo de Candido marcaram gerações e que sua obra intelectual ultrapassou os limites tradicionais entre disciplinas.
“Ele representou a resistência de olhar para o Brasil. Com toda força que tem a enxurrada de dominação intelectual, cultural e mercadológica, há pessoas como ele que olham para o país e tira dele uma luz intensa de conhecimento, sabedoria e informação. A elite brasileira, a mídia, a própria universidade tem todo um movimento forte de alienação, de esconder o que é a realidade brasileira. Candido mostrou que existe criatividade, originalidade - vida em si - na produção intelectual e cultural brasileira”, elogiou.
A escritora Nélida Piñon, integrante da Academia Brasileira de Letras e autora de A Casa da Paixão, resumiu em poucas palavras o tamanho da perda: “Morreu um grande mestre. Morreu o mestre do Brasil”.
Edição: Camila Rodrigues da Silva