A 4ª Semana Afro-latina de 2017 chega ao fim em Belo Horizonte. O evento, que acontece de 2 a 20 de maio, reuniu músicos de diversos países para refletir e trocar conhecimentos sobre os ritmos do território afro-latino, integrando países da América Latina com ancestralidade e influência cultural africana. Desde a sua 1ª edição, em 2013, já participaram educadores e músicos como o maestro Néstor Lombida (Cuba), Sérgio Valdeos (Peru) e Santiago Reyther (Cuba).
Foram realizadas duas oficinas, uma com Itiberê Swarg, de Música Universal, e outra com José Izquierdo, de Bloco de Conga, em que aproximadamente 100 músicos participaram. Vários nomes da cena musical de BH estiveram presentes, como Leandro Cesar, Irene Bertachinni e Luiza Brina. Assista ao resultado da oficina de Itiberê, apresentada em 6 de maio, aqui.
Apresentação de fechamento
Para reforçar a afro-latinidade dos instrumentistas, a oficina bloco de conga faz uma apresentação de encerramento gratuita e aberta ao público no dia 20 de maio, às 15h, na Praça Pisa na Fulô, no bairro Carlos Prates. O grupo estudou cadências populares como a salsa, a cumbia, o congo da Bahia e o mambo, trabalhando técnica de tumbadoras e a execução de bumbos, campanas e xequerês. A apresentação contém um misto desses ritmos.
Conheça mais do chileno Izquierdo
José Izquierdo é pesquisador dos ritmos religiosos e populares latino-americanos, e realizou viagens de estudo ao Peru, Argentina, Chile, Brasil e Bolívia. Viveu por dois anos em Cuba, se tornando “Olubatá” (tocador consagrado da Santeria Cubana). No Chile, fundou a escola de samba “Samba Kawin” e o “Grupo Folclórico de Danças do Brasil”. Durante cinco anos desenvolveu um projeto de percussão na Fundição Progresso (Rio de Janeiro), onde foi criado o Bloco de Conga do Rio, famoso por levar o carnaval cubano para a cidade e, posteriormente, a Orquestra de Conga. No Rio foi também criador e diretor do grupo IORI (tambor batá e dança dos orishas). Atualmente José é professor da Pracatum Escola de Música, no Candeal, em Salvador, fundada por Carlinhos Brown.
Conheça o “universal” Itiberê Zwarg
O multi-instrumentista, compositor e arranjador Itiberê Zwarg desenvolve seu trabalho autoral desde 1999, ano em que criou a Oficina de Música Universal. “Música Universal” foi o termo encontrado por Hermeto Pascoal, com quem Itiberê divide o palco como contrabaixista há 34 anos, para descrever uma música que engloba todos os estilos. A música de Itiberê se propõe a valorizar a tradição brasileira e realiza uma mistura de música erudita e popular. Segundo palavras dele, a música universal não tem preconceitos de gêneros e instrumentos e é feita da mescla, do liquidificador, de variadas técnicas.
Ele participou, no final dos anos 60 até início dos 70, dos trios "Xangô Três" e "Bossa Jazz Trio". Em 1977 começou no "Hermeto Pascoal & Grupo", onde se mantém até hoje, tendo participado de turnês anuais pela Europa, América e Japão e de workshops e oficinas na França, Alemanha, Suíça, Estados Unidos. Ao longo da carreira com Hermeto, foram nove discos: "Zabumbebum A"; "Montreaux ao Vivo"; "Cérebro Magnético"; "Hermeto Pascoal & Grupo"; "Lagoa da Canoa"; "Só não Toca Quem Não Quer"; "Brasil Universo"; "Festa dos Deuses" e "Mundo Verde Esperança”. Em sua carreira, ele participou de trabalhados como o CD "Variasons", de Gilson Macedo, o CD "De Onde Vens", de Ivetty Souza, e do CD "Cordas Cruzadas" do quarteto Maogani de violões, entre outros. Ele também é criador da "Itiberê Orquestra Família" (1999), e, dentre outros trabalhos, lançou o "Calendário do Som", com 27 músicas extraídas do livro homônimo de Hermeto Pascoal.
Edição: Joana Tavares