Após a denúncia de que o presidente golpista Michel Temer teria autorizado a JBS a comprar o silêncio de Eduardo Cunha, protestos exigindo a renúncia do presidente ocorreram em todo o país. O resultado é um aprofundamento da crise política brasileira. Em entrevista à Rádio Brasil Atual, parlamentares e analistas descrevem o cenário e tentam apontar os rumos do governo brasileiro.
Para o sociólogo e cientista social Emir Sader o que está colocado é obstrução de Justiça para bloquear a eventual delação do Eduardo Cunha. "Politicamente, termina o governo. Pode-se espichar um sangramento doloroso daqui para a frente", comenta. Para o pesquisador o governo está perdendo apoio popular ao tentar aprovar reformas que ferem direitos dos trabalhadores. Para ele, é um escândalo fazer uso do dinheiro público para passar uma Reforma da Previdência que favorece o setor privado.
A Senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) afirmou que ontem esteve em reunião com diversos senadores e deputados. "Nós estamos adotando iniciativas conjuntas - senadores e deputados. Tomamos algumas decisões, essa não é uma movimentação da oposição ao governo do Temer. Essa deve ser uma movimentação de todos aqueles que querem defender a democracia nesse momento. Por isso, nós estamos procurando dialogar com parlamentares de todos os partidos, inclusive daqueles que, infelizmente apoiaram o golpe", enfatizou.
Para Grazziotin, é preciso trabalhar para resolver esse impacto político. De acordo com ela, eleições indiretas agora, caso Temer renuncie, não pacificaria o Brasil. "Nós dizíamos desde a época do golpe contra a presidenta Dilma. Só há uma forma de resolver o problema do país: aprofundar a democracia, chamar a população".
O Deputado Miro Teixeira (REDE Sustentabilidade) e aliados pretendem reunir a Comissão de Constituição e Justiça e propor uma Emenda Constitucional com o propósito de manter o plenário sem votação, já que não aceitam a pauta das votações das Reformas trabalhista e da previdência.
Em pronunciamento nesta tarde, Temer negou a renúncia do cargo e as acusações. Além de classificar as gravações como "clandestinas", ele afirmou não ter medo de perder seu foro privilegiado.
*Com informações da Rádio Brasil Atual
Edição: Vanessa Martina Silva