A Rede Sustentabilidade e o PSOL protocolaram, na tarde desta quinta-feira (18), no Senado Federal, uma representação junto ao Conselho de Ética da Casa pedindo a imediata instauração de um procedimento disciplinar contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG). A oposição acusa o tucano de quebra de decoro parlamentar e pede a cassação do seu mandato.
O pedido surge após denúncias oriundas da delação de empresários da empresa JBS, investigada na Lava Jato. O tucano é acusado de ter pedido R$ 2 milhões de propina ao empresário Joesley Batista, justificando que seria para financiar sua defesa na Lava Jato. A informação foi divulgada no jornal O Globo nessa quarta-feira (17) e se baseia em uma gravação entregue pela JBS à Procuradoria-Geral da República (PGR), órgão administrativo do Ministério Público Federal (MPF).
Aécio teria indicado um primo para receber o dinheiro em seu lugar e a entrega foi filmada pela Polícia Federal (PF). Após investigações, a PF chegou ao senador Zezé Perrella (PMDB-MG), que teria recebido o valor da propina através de uma empresa de que é proprietário. Na manhã desta quinta, policiais federais cumpriram mandados de busca e apreensão no gabinete dos dois senadores, que negam as acusações.
“As razões para a cassação [de Aécio] são notórias. Ele é acusado de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e obstrução da Justiça. Entendemos que não existe condição alguma mais para que continue exercendo o mandato, tanto é que o STF [Supremo Tribunal Federal] ainda hoje pediu o afastamento dele”, declarou o senador oposicionista Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
O mandato de Neves está suspenso por determinação do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato. O MPF chegou a pedir a prisão do tucano, mas o pedido foi negado por Fachin. Os desdobramentos da denúncia levaram, entre outras coisas, à prisão da irmã do senador, Andréa Neves, em Belo Horizonte, também nesta quinta. Ela é acusada de ser operadora do esquema do irmão, mas nega a acusação.
Edição: Vanessa Martina Silva