"Conclamamos todos e todas, inclusive setores que apoiaram o impeachment [da ex-presidenta Dilma Rousseff], iludidos pelos meios de comunicação, e que hoje estão se dando conta deste golpe político. Nós não queremos nenhum tipo de conflito. Queremos que a população venha às ruas, com suas bandeiras, que derrubemos [Michel] Temer e que construamos eleições que garantam o voto", disse Gilmar Mauro (MST), durante a entrevista coletiva concedida nesta quinta-feira (18) pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.
As lideranças de movimentos populares presentes ressaltaram a importância das mobilizações sociais e populares nos próximos dias para exigir a renúncia do presidente golpista, Michel Temer (PMDB), a convocação de eleições diretas e a paralisação da agenda de retrocessos aos trabalhadores por meio das reformas trabalhista e da Previdência.
O ato do próximo domingo (21) coincidirá com a data de um ato chamado pelo movimento Vem Pra Rua, que apoiou o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff. O Movimento Brasil Livre (MBL) está veiculando posts contrários a Michel Temer e Aécio Neves (também envolvido em vazamentos da delação).
Sobre a questão, a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, ressaltou que não haverá qualquer unidade com o grupos que apoiaram o impeachment e que, segundo ela, "não são nem movimentos, são empresas de marketing pagas com muito dinheiro". Ela ressaltou ainda que "não há nenhuma ilusão de que vá se unificar as manifestações. O que nós queremos são eleições diretas e fora Temer já", indicando que uma eventual manifestação conjunta será meramente pontual.
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, ressaltou que: "Não vamos aceitar um golpe dentro do golpe. O que está se construindo é a indicação indireta de um outro qualquer. Nós queremos eleições diretas já!", afirmou. Ele chamou a população para o ato na Avenida Paulista no domingo (21), às 15h, diante do MASP e o grande ato em Brasília, no dia 24, em frente ao Congresso Nacional. Além disso, destacou as bandeiras para os próximos dias: "As palavras de ordem são: Fora Temer, Diretas Já! e retirada imediata de todas as medidas de reformas trabalhistas e previdenciária", informa.
Diretas Já!
O dirigente do MTST, Guilherme Boulos, enfatizou a importância de votos diretos não só para presidente, mas para todo o Congresso, substituindo a ordem sucessória de parlamentares que, segundo ele, são ilegítimos: "Não basta tirar o Temer, não há saída política sem passar pelo voto popular. Eleição indireta é golpe. Se colocarem Rodrigo Maia, Carmen Lúcia, não haverá legitimidade do voto popular e responderemos isso nas ruas", destaca.
Freitas ainda rebateu os argumentos da base aliada do governo, que demonstrou "tristeza" com as notícias dos áudios envolvendo Michel Temer e que alegou que o Brasil estava novamente "entrando nos trilhos". Para o líder sindical, "o Brasil não está em nenhum momento de crescimento. Temos 14,5 milhões de desempregados. Os aumentos dos ganhos dos trabalhadores são poucos. Cresceu a pobreza, a exclusão, a violência urbana. O golpe só trouxe para o Brasil um absurdo de inconsistência e problemas", pontua.
Com relação ao conteúdo das denúncias vazadas pela imprensa, Freitas disse que elas não despertam novidade, mas que os movimentos lutarão pela legalidade dos processos: "Este momento tem que ser importante para retomarmos a democracia no Brasil. Quero ressaltar que o país deve ter as coisas no âmbito da legalidade. Ele [Temer] tem que se defender e, se for culpado, tem que ser preso", finaliza.
Participaram da mesa seis lideranças de movimentos que compõem a Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo: Vagner Freitas da (CUT), Carina Vitral da União Nacional dos Estudantes (UNE), Guilherme Boulos do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Gilmar Mauro do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Raimundo Bonfim da Central de Movimentos Populares (CMP) e Edson Carneiro Índio da Intersindical.
Edição: Vanessa Martina Silva