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Brasil atravessa momentos decisivos para o seu futuro

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Um em cada três parlamentares na Câmara dos Deputados e Senado foi eleito com apoio financeiro da empresa JBS
Um em cada três parlamentares na Câmara dos Deputados e Senado foi eleito com apoio financeiro da empresa JBS - Alex Ferreira / Câmara dos Deputados
Qual a condição moral deste Congresso eleger indiretamente o Presidente?

Nesta segunda-feira (22) foi divulgada a informação segundo a qual um em cada três parlamentares na Câmara dos Deputados e Senado foi eleito com apoio financeiro da empresa JBS. Isso sem contar com a ajuda de outras empresas, que sempre bancam parlamentares esperando a contrapartida, isto é, a aprovação de projetos que as beneficiam.

É o caso então de se perguntar: qual a condição moral deste Congresso eleger indiretamente o Presidente da República se ocorrer, como tudo indica, o fim do mandato do atual ocupante do Palácio do Planalto, Michel Temer. A resposta é fácil: absolutamente nenhuma, já que esse tipo de eleição visa dar continuidade ao retrocesso e favorecimentos das empresas que bancaram os parlamentares.

A única saída para a crise em que está mergulhado o país é a aprovação imediata de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) por uma eleição direta para Presidente da República o quanto antes. E, o certo seria também a convocação de eleições gerais, para que o próximo Congresso não tenha a marca de empresas. Seria um ato de grandeza a aprovação, mas como é difícil isso acontecer entre os atuais congressistas só resta exigir nas ruas as diretas-já.

As Organizações Globo mais uma vez se colocam contra as Diretas-Já, como aconteceu na metade dos anos 80. Na ocasião a Rede Globo chegou ao cúmulo de silenciar sobre um ato em favor das diretas que reuniu em São Paulo mais de um milhão de cidadãos brasileiros. Não chega a ser novidade, pois o mesmo grupo apoiou com toda força outros movimentos contra os interesses do povo. Foi assim em 1954 com o esquema do “mar de lama”, posteriormente em 1964 quando do golpe empresarial militar que jogou o país em uma longa noite escura e mais recentemente no golpe parlamentar, midiático e judicial que retirou do governo a Presidenta eleita Dilma Rousseff.

A situação no Brasil neste maio de 2017 é extremamente grave. Os apoiadores do golpe de 2016 estão visivelmente divididos. Querem se manter no poder de qualquer maneira, seja mantendo o fantasma Temer ou através de um substituto escolhido pela via indireta.

Esses setores temem uma antecipação da consulta popular e usam como argumento que a legislação prevê a realização de uma eleição indireta. Fica meio cômico os defensores históricos da quebra da ordem constitucional se apresentarem hoje como legalistas. Só convencem os bobos da corte, mas não mais a imensa maioria do povo brasileiro, como indicam as mais recentes pesquisas.

Daí a necessidade de as representações do povo brasileiro continuarem nas ruas exigindo uma saída democrática para a crise e até mesmo a apresentação de candidatura que se comprometa em revogar todos os atos do Presidente ilegítimo Michel Temer que levam ao retrocesso de conquistas sociais.

A hora, portanto, é esta. Ou isso logo ou então a continuidade da crise e da dominação dos defensores do retrocesso que acontecem há um ano com a ascensão golpista de Michel Temer e sua base aliada, que pelo visto está desintegrada, até porque boa parte já percebeu o rumo dos acontecimentos e quer se safar de um julgamento nas urnas em 2018, desta vez, como se espera, sem o apoio financeiro de empresas.

O PSDB e o DEM, partidos apoiadores do presidente ilegítimo estão a aguardar oportunisticamente o desenrolar dos acontecimentos para ver o rumo a tomar. Ainda não se decidiram abandonar o barco, mas não abrem mão, caso ocorra à saída de Temer, de uma eleição indireta. Alguns já falam até em nomes, entre os quais a presidenta do Supremo Tribunal Federal, Carmen Lúcia, o Senador Tasso Jereissati, presidente atual do PSDB e o ex-Minstro do STF e de vários governos a partir da gestão FHC, Nelson Jobim.
No caso de Carmen Lúcia seria necessária uma decisão de última hora que permita a eleição indireta de qualquer pessoa, não sendo necessariamente obrigatória a filiação partidária, como se exige neste momento.

Como os atuais “legalistas” são capazes de tudo e muito mais, não seria nenhuma surpresa se fosse decidido pelo próprio STF algo que pudesse favorecer a apresentações do nome da própria Ministra Carmen Lúcia como candidata à Presidência da República em eleição indireta.

Por estas e ainda muitas outras que possam surgir de repente não mais do que de repente os próximos dias e talvez semanas devam ser decisivos para o futuro do Brasil. Aguardemos!

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